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domingo, 7 de abril de 2013

Esse tal amar alguém....

Pra quem chegou até aqui e me conhece sabe que meu avô está internado e sabe que eu estou sofrendo, apesar da minha força natural, da minha fé, ou de qualquer outra característica eu to sofrendo!

Fico pensando que beira a chatice, ao egoísmo só falar da minha vida.... Mas esse blog desde o começo é uma ferramenta pra eu por pra fora o que não consigo deixar só dentro de mim.... E parece que por pra fora ajuda mesmo....

Meu avô.... Dá medo de pensar.... Dá medo de tentar medir o que eu sinto por ele.... Dá medo de imaginar o que ele sente ou o que ele não sente.... Não sei o que eu prefiro... Se ele ter consciência - natural de se querer pra alguém que teve um AVC, seria um sinal de volta, talvez... - Mas e ter consciência e não conseguir falar.... E ouvir e não conseguir deixar claro...

Mãos dadas na madrugada... 
Passei uma noite com ele. Vigília.... Em claro mesmo, porque afinal de contas ele não pode falar, não vai dar sinal se precisar de alguma coisa... Então, acordada... Firme e forte... Tosse, aspira... Pede pra fazer força... Lá junto, lá de mão dada, lá com ele sem saber se ele sabia que eu era eu, mas segurando firme a minha mão a cada movimento esforçado daquelas 4 e pouco da manhã.... E eu sendo mais forte do que eu mesma vendo meu avô sofrer....

Meu Deus do céu.... Chegando ao hospital hoje a noite eu fiquei pensando o que eu seria capaz de dar de mim pra ter ele de volta normalmente.... Meu avô que gosta de piada, que quer sempre um carro novo, que sempre tem um cheirinho bom de banho, que sempre faz tudo que a gente quer, que sutilmente agrada a todos, e que nunca se cansa.... Nem às 4h da manhã com a neta pedindo pra que ele tossisse.... Pedindo pra ele fazer força, e ele pedindo a minha mão.... Tem como não ficar do lado pra sempre? Tem como não rezar tudo que sabe, e pedir pra todos os santos?

Ter a possibilidade de estar com ele o dia todo - na UTI não dava - parecia ser a melhor coisa da vida! Racionalmente falando é a melhor coisa que pode acontecer, alguém sair da UTI. Mas aí a gente tem 24h pra analisar tudo, pra participar de tudo e pra perceber que a rotina não é tão organizada e bonitinha como parecia ser nos 30 min de visita da UTI. A gente quer a todo momento que ele faça um sinal, que mande beijo, que responda com a cabeça, sei lá... Qualquer coisa... A gente quer tudo.... Só que a gente não tem.... O que a gente tem cada vez mais é a consciência da delicadeza do quadro, e do amor.... De como dói não poder se colocar no lugar dele.... De não poder abraçar.... De não poder simplesmente curar....

Esse final de semana pra mim foi difícil. Triste... TPM chegando.... Choradeira frequente....

Eu que já tinha um medo de amar - depois que perdi meu pai - fico cada vez mais em pânico. Pânico porque a gente não tem controle e mesmo que controle algumas coisas, tem pessoas que a gente não escolhe o amor, a gente não escolhe se entregar... Eu nasci e fui entregue pra ele... Ele me escolheu... Fui totalmente escolhida por ele, sou escancaradamente apaixonada pelo meu avô, e esse sentimento é lindo é bom e tá me machucando agora.... Porque eu sou um pedacinho dele... E esse pedaço sofre.... O outra tenta ser forte, e assim eu vou vivendo... Caminhando, e esperando.... Com fé de que o melhor vai acontecer.