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terça-feira, 7 de maio de 2019

Tudo culpa da minha mãe

Tenho me sentido bem ineficiente depois da maternidade... Se eu olhar tudo que eu faço em um dia vou me sentir melhor... Mas se eu olhar tudo que eu não faço ai o bicho pega... E eu sou dessas que quer ser foda. Acho que uma das coisas mais duras da maternidade pra mim foi descobrir que não, eu não sou foda.

Admitir que eu não consigo cuidar da casa, da comida que eu sempre adorei me dedicar, e de um serzinho que precisa de mim 24x7 foi difícil. Ainda é.... E sabe de quem é a culpa? Da minha mãe.

Outra descoberta da maternidade é que a culpa ou a responsabilidade é sempre da mãe. Bem-vindos! Nesse caso o meu espelho que é minha mãe me colocou em maus lençóis. Sempre pensei que se minha mãe tinha dado conta de cuidar sozinha de praticamente 2 bebês eu obviamente daria conta também. Claro! Ainda mais que a minha mãe sempre foi uma pessoa pacífica, nunca foi de ficar impondo suas vontades, sempre foi muito mais doce, como eu costumo dizer, minha mãe é quase tonta....

Pois é... Só que a minha mãe é provavelmente a pessoa mais foda que eu conheço.... E as histórias da sua fodisse não terminam nunca... Cada vez que escuto mais uma me sinto uma boxxxxxta. kkkk.

Esse vai ser meu primeiro dia das mães como mãe, e eu poderia falar da maravilha que é ter a Julia na minha vida. Mas eu quero falar sobre a maravilha que é ter a minha mãe como companheira da minha vida. Porque só quando a gente é mãe a gente entende.

Hoje eu acho tudo, absolutamente tudo que minha mãe fez certo. A forma como criou a gente sem frescura, com simplicidade e não simplismo, que é muito diferente. Como sempre estivemos perto da família. A forma como ela fez com que nos sentíssemos sempre em casa com ela. A forma como incluiu meus avós (mesmo os pais do meu pai depois de ele ter morrido) nas nossas vidas e fez deles referências eternas pra gente. A forma como ensinou a nos colocar no lugar do outro, e como ela gosta de sempre estar presente - principalmente se for pra dar apoio pra alguém. Adoro a forma feminista que crescemos, muitas vezes mais que ela própria. Amo o fato de ter nos ensinado a sempre pensar, sempre questionar, independente da pessoa com quem estamos discutindo/conversando/brigando.

Acho impressionante como ela (quase) sempre está certa quando sugere algo sobre a rotina da Julia. É maravilhosa a forma calma e inclusiva com que as duas se relacionam. Gosto do jeito que ela fala "mama seu tetezinho, mama"... Além de sempre poder contar com sua companhia caso o Renato viaje a trabalho. Espero ansiosamente nossas tardes de segunda feira pra fazer tudo ou nada juntas.

Adoro a forma como ela cala quando eu explodo e assim não se afasta de mim. Minha mãe é água, ela contorna os problemas com suavidade, mas tem força quando precisa. Sempre foi assim.

E sim mãe, mais uma vez você estava certa "a gente só entende quando é mãe".

Obrigada por ser minha casa, sempre!

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o último caso de fodisse que fiquei sabendo da minha mãe:
"Quando eu engravidei da Rafa eu engordei demais... ai pra voltar ao peso depois que ela nasceu eu fazia Vigilantes do Peso... Eu punha a Rafa que era menor no canguru, carregava você no braço e pegava um ônibus e ia até a reunião. Era o jeito que dava pra fazer, uai..."

OBRIGADA!  rsrsrsrsrs

E quem conhece a gente sabe que esse caso é NADA perto de tudo que ela já fez na vida! ;-)

terça-feira, 23 de abril de 2019

A primeira vez que nossos olhos se cruzaram

38 semanas e 6 dias, passei o dia quietinha... apenas fiz as unhas, e me mantive quieta, pés pra cima... Inchada, cansada, com medo. Antes de dormir tive uma crise de choro. Choro de medo, um medão da porra. Medo de não dar conta. Medo de doer. Medo de não ser parto normal. Medo. Me acalmou saber que o Renato também sentia essa sensação, essa humanidade sempre me aliviou.

39 semanas, antes das seis da manhã comecei a ir muito fazer xixi. De tempos em tempos. Mais acordada percebi que não era xixi, e sim o meu desconforto estava ritmado. O despertador do Re tocou pra ir correr no parque "acho melhor você ir a consulta comigo, to com um desconforto ritmado".

Minha médica me falou pra tomar banho com calma, tomar café, e depois ir pra lá ou para o hospital dependendo do meu estado. Fui ao banheiro 3x antes da consulta. Eu já sabia que aquilo era um sinal do trabalho de parto. Milagrosamente não senti medo. Eram 2 cm de dilatação e já sabíamos que logo a Julia iria chegar. Fiz a última sessão de fisioterapia para o períneo, e ai as contrações começaram de verdade. Eu via a barriga contrair, e ainda não sentia uma dor absurda... Fomos almoçar num restaurante e eu controlava as contrações num app como se nada estivesse acontecendo enquanto devorava uma massa.

Passamos a tarde em casa. Fiquei deitada. Eu não queria bola, não queria massagem, não queria abraço. Eu queria era ficar quieta no meu canto. Nem sei se a ficha estava caindo ou não. Acho que eu estava simplesmente indo. E aquele momento, como toda a gravidez eu não estava dominada pela emoção. Nunca fui de chorar, de achar que era o maior amor do mundo, nem nada dessas coisas bonitas que a gente ve nos documentários. Sempre me conectei tranquilamente com a Julia, sempre pedi pra ela ser minha parceira, pra me ajudar no parto, que seria um processo nosso. Nesse dia não foi diferente. Pedia pra ela pra continuarmos parceiras. E continuei seguindo as indicações médicas de ficar o máximo possível em casa.

Até que chegou uma hora que avisei que estava indo. Comi um pré treino - pasta de amendoim, banana e mel (sério) e fomos. O caminho pareceu eterno. A cada buraco medo de a bolsa estourar. Chegando lá eu já tava visivelmente acabada, me ofereceram uma cadeira de rodas, que eu me achando fodona não quis, e obviamente pedi 10 metros depois. Não dava pra querer andar pelo hospital.

Examinada e 4 cm de dilatação. Eu pensei, "agora fodeu, eu não aguento essa dor por muito mais tempo e a Dra. Claudia não vai me dar anestesia tão cedo". Só que eu aguentei. E foi água quente, e foi banheira, e foram diversos pedidos de calma. E eu só pedia pelo anestesista.

"cade o anestesista?"
"sério gente, não to gritando porque não adianta, mas eu não to aguentando"
"mano, de onde tá vindo esse cara?"

Eu fiquei lá, quieta, aguentando a dor, aguentando o tempo passar. Em algum momento a bolsa estourou. E fui mais umas 2x ao banheiro. Continuei querendo ficar na minha. Eu era apenas um bicho querendo parir. Não teve cena bonita de marido e mulher juntos fazendo massagem, dançando na bola ou andando pelo corredor. Era uma dor. Uma dor. Uma dor. Não tinha como ser diferente pra mim. Me olhava no espelho e via a minha silhueta com aquela barrigona, eu fui uma grávida bonita, em um flash pensava que seria legal ter aquele momento registrado. Um segundo depois vinha aquela dor bizarra. Minha cara de sofrimento... Acho que essa cena eu, librianíssima, não queria guardar.

Finalmente chegou o anestesista, e depois disso a minha sensação foi de que eu aguentaria mais dois dias se precisasse. Não tinha dor. Ufa. Eu tremia... Descansei um pouquinho antes do momento da força. Eu não tive medo. Eu confiava demais na Dra. Claudia, e na natureza. O parto normal pra mim era um alívio. Eu sabia que era melhor. Eu sabia que ia dar certo. Eu simplesmente sabia.

E começou. Dra. Claudia testou onde seria melhor pra mim e pra Julia, mais pra Julia do que pra mim. Sugeriu de cócoras, vamos de cócoras. Sugeriu Renato sentado no sofá, eu encostada nele. Fomos. Dra. Claudia sentada no chão, me orientando junto com as enfermeiras. "Respira fundo, solta o ar, respira fundo e forçaaaaa", "tá vindo outra contração, respira fundo, solta o ar, respira e força"... Até que chegou uma hora que a orientação foi "respira fundo e solta o ar devagar"... E assim nasceu nossa menina. Sem força. Sem choradeira. Sem berreiro. Sem nenhum corte. Sem explosões. Com emoção sem exageros, como somos por aqui. Dra. Claudia colocou direto no meu peito, ela abriu os olhinhos e olhou pra mim, o mesmo olhar que vejo todos os dias, e agora sim, transbordo cada dia mais. Ficamos nós três naquele momento, vendo nossa mini família nascer. Vendo nossa neném de 3 quilinhos no meu colo.

Já não consigo mais dizer que minhas emoções são contidas. Acho que todos os dias sinto uma emoção tão grande que se eu não me controlasse eu choraria por bastante tempo. Pra mim o domínio da Julia sobre meu ser veio mesmo com ela aqui fora comigo, e aumenta sempre e pra sempre.