tag:blogger.com,1999:blog-60748860371210602292024-02-19T06:02:27.514-03:00Gabi PesenteDe um tudo que passa na minha cabeçaGabihttp://www.blogger.com/profile/16118245485340524623noreply@blogger.comBlogger290125tag:blogger.com,1999:blog-6074886037121060229.post-24617408950867394812019-05-07T20:22:00.001-03:002019-05-07T20:31:57.684-03:00Tudo culpa da minha mãe Tenho me sentido bem ineficiente depois da maternidade... Se eu olhar tudo que eu faço em um dia vou me sentir melhor... Mas se eu olhar tudo que eu não faço ai o bicho pega... E eu sou dessas que quer ser foda. Acho que uma das coisas mais duras da maternidade pra mim foi descobrir que não, eu não sou foda.<br />
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Admitir que eu não consigo cuidar da casa, da comida que eu sempre adorei me dedicar, e de um serzinho que precisa de mim 24x7 foi difícil. Ainda é.... E sabe de quem é a culpa? Da minha mãe.<br />
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Outra descoberta da maternidade é que a culpa ou a responsabilidade é sempre da mãe. Bem-vindos! Nesse caso o meu espelho que é minha mãe me colocou em maus lençóis. Sempre pensei que se minha mãe tinha dado conta de cuidar sozinha de praticamente 2 bebês eu obviamente daria conta também. Claro! Ainda mais que a minha mãe sempre foi uma pessoa pacífica, nunca foi de ficar impondo suas vontades, sempre foi muito mais doce, como eu costumo dizer, minha mãe é quase tonta....<br />
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Pois é... Só que a minha mãe é provavelmente a pessoa mais foda que eu conheço.... E as histórias da sua fodisse não terminam nunca... Cada vez que escuto mais uma me sinto uma boxxxxxta. kkkk.<br />
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Esse vai ser meu primeiro dia das mães como mãe, e eu poderia falar da maravilha que é ter a Julia na minha vida. Mas eu quero falar sobre a maravilha que é ter a minha mãe como companheira da minha vida. Porque só quando a gente é mãe a gente entende.<br />
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Hoje eu acho tudo, absolutamente tudo que minha mãe fez certo. A forma como criou a gente sem frescura, com simplicidade e não simplismo, que é muito diferente. Como sempre estivemos perto da família. A forma como ela fez com que nos sentíssemos sempre em casa com ela. A forma como incluiu meus avós (mesmo os pais do meu pai depois de ele ter morrido) nas nossas vidas e fez deles referências eternas pra gente. A forma como ensinou a nos colocar no lugar do outro, e como ela gosta de sempre estar presente - principalmente se for pra dar apoio pra alguém. Adoro a forma feminista que crescemos, muitas vezes mais que ela própria. Amo o fato de ter nos ensinado a sempre pensar, sempre questionar, independente da pessoa com quem estamos discutindo/conversando/brigando.<br />
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Acho impressionante como ela (quase) sempre está certa quando sugere algo sobre a rotina da Julia. É maravilhosa a forma calma e inclusiva com que as duas se relacionam. Gosto do jeito que ela fala "mama seu tetezinho, mama"... Além de sempre poder contar com sua companhia caso o Renato viaje a trabalho. Espero ansiosamente nossas tardes de segunda feira pra fazer tudo ou nada juntas.<br />
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Adoro a forma como ela cala quando eu explodo e assim não se afasta de mim. Minha mãe é água, ela contorna os problemas com suavidade, mas tem força quando precisa. Sempre foi assim.<br />
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E sim mãe, mais uma vez você estava certa "a gente só entende quando é mãe".<br />
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Obrigada por ser minha casa, sempre!<br />
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o último caso de fodisse que fiquei sabendo da minha mãe:<br />
"Quando eu engravidei da Rafa eu engordei demais... ai pra voltar ao peso depois que ela nasceu eu fazia Vigilantes do Peso... Eu punha a Rafa que era menor no canguru, carregava você no braço e pegava um ônibus e ia até a reunião. Era o jeito que dava pra fazer, uai..."<br />
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OBRIGADA! rsrsrsrsrs<br />
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E quem conhece a gente sabe que esse caso é NADA perto de tudo que ela já fez na vida! ;-)Gabihttp://www.blogger.com/profile/16118245485340524623noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6074886037121060229.post-18925081839540173802019-04-23T21:38:00.003-03:002019-04-23T21:38:58.730-03:00A primeira vez que nossos olhos se cruzaram38 semanas e 6 dias, passei o dia quietinha... apenas fiz as unhas, e me mantive quieta, pés pra cima... Inchada, cansada, com medo. Antes de dormir tive uma crise de choro. Choro de medo, um medão da porra. Medo de não dar conta. Medo de doer. Medo de não ser parto normal. Medo. Me acalmou saber que o Renato também sentia essa sensação, essa humanidade sempre me aliviou.<br />
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39 semanas, antes das seis da manhã comecei a ir muito fazer xixi. De tempos em tempos. Mais acordada percebi que não era xixi, e sim o meu desconforto estava ritmado. O despertador do Re tocou pra ir correr no parque "acho melhor você ir a consulta comigo, to com um desconforto ritmado".<br />
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Minha médica me falou pra tomar banho com calma, tomar café, e depois ir pra lá ou para o hospital dependendo do meu estado. Fui ao banheiro 3x antes da consulta. Eu já sabia que aquilo era um sinal do trabalho de parto. Milagrosamente não senti medo. Eram 2 cm de dilatação e já sabíamos que logo a Julia iria chegar. Fiz a última sessão de fisioterapia para o períneo, e ai as contrações começaram de verdade. Eu via a barriga contrair, e ainda não sentia uma dor absurda... Fomos almoçar num restaurante e eu controlava as contrações num app como se nada estivesse acontecendo enquanto devorava uma massa.<br />
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Passamos a tarde em casa. Fiquei deitada. Eu não queria bola, não queria massagem, não queria abraço. Eu queria era ficar quieta no meu canto. Nem sei se a ficha estava caindo ou não. Acho que eu estava simplesmente indo. E aquele momento, como toda a gravidez eu não estava dominada pela emoção. Nunca fui de chorar, de achar que era o maior amor do mundo, nem nada dessas coisas bonitas que a gente ve nos documentários. Sempre me conectei tranquilamente com a Julia, sempre pedi pra ela ser minha parceira, pra me ajudar no parto, que seria um processo nosso. Nesse dia não foi diferente. Pedia pra ela pra continuarmos parceiras. E continuei seguindo as indicações médicas de ficar o máximo possível em casa.<br />
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Até que chegou uma hora que avisei que estava indo. Comi um pré treino - pasta de amendoim, banana e mel (sério) e fomos. O caminho pareceu eterno. A cada buraco medo de a bolsa estourar. Chegando lá eu já tava visivelmente acabada, me ofereceram uma cadeira de rodas, que eu me achando fodona não quis, e obviamente pedi 10 metros depois. Não dava pra querer andar pelo hospital.<br />
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Examinada e 4 cm de dilatação. Eu pensei, "agora fodeu, eu não aguento essa dor por muito mais tempo e a Dra. Claudia não vai me dar anestesia tão cedo". Só que eu aguentei. E foi água quente, e foi banheira, e foram diversos pedidos de calma. E eu só pedia pelo anestesista.<br />
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"cade o anestesista?"<br />
"sério gente, não to gritando porque não adianta, mas eu não to aguentando"<br />
"mano, de onde tá vindo esse cara?"<br />
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Eu fiquei lá, quieta, aguentando a dor, aguentando o tempo passar. Em algum momento a bolsa estourou. E fui mais umas 2x ao banheiro. Continuei querendo ficar na minha. Eu era apenas um bicho querendo parir. Não teve cena bonita de marido e mulher juntos fazendo massagem, dançando na bola ou andando pelo corredor. Era uma dor. Uma dor. Uma dor. Não tinha como ser diferente pra mim. Me olhava no espelho e via a minha silhueta com aquela barrigona, eu fui uma grávida bonita, em um flash pensava que seria legal ter aquele momento registrado. Um segundo depois vinha aquela dor bizarra. Minha cara de sofrimento... Acho que essa cena eu, librianíssima, não queria guardar.<br />
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Finalmente chegou o anestesista, e depois disso a minha sensação foi de que eu aguentaria mais dois dias se precisasse. Não tinha dor. Ufa. Eu tremia... Descansei um pouquinho antes do momento da força. Eu não tive medo. Eu confiava demais na Dra. Claudia, e na natureza. O parto normal pra mim era um alívio. Eu sabia que era melhor. Eu sabia que ia dar certo. Eu simplesmente sabia.<br />
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E começou. Dra. Claudia testou onde seria melhor pra mim e pra Julia, mais pra Julia do que pra mim. Sugeriu de cócoras, vamos de cócoras. Sugeriu Renato sentado no sofá, eu encostada nele. Fomos. Dra. Claudia sentada no chão, me orientando junto com as enfermeiras. "Respira fundo, solta o ar, respira fundo e forçaaaaa", "tá vindo outra contração, respira fundo, solta o ar, respira e força"... Até que chegou uma hora que a orientação foi "respira fundo e solta o ar devagar"... E assim nasceu nossa menina. Sem força. Sem choradeira. Sem berreiro. Sem nenhum corte. Sem explosões. Com emoção sem exageros, como somos por aqui. Dra. Claudia colocou direto no meu peito, ela abriu os olhinhos e olhou pra mim, o mesmo olhar que vejo todos os dias, e agora sim, transbordo cada dia mais. Ficamos nós três naquele momento, vendo nossa mini família nascer. Vendo nossa neném de 3 quilinhos no meu colo.<br />
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Já não consigo mais dizer que minhas emoções são contidas. Acho que todos os dias sinto uma emoção tão grande que se eu não me controlasse eu choraria por bastante tempo. Pra mim o domínio da Julia sobre meu ser veio mesmo com ela aqui fora comigo, e aumenta sempre e pra sempre.<br />
<br />Gabihttp://www.blogger.com/profile/16118245485340524623noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6074886037121060229.post-1911234782287178422018-09-06T17:20:00.000-03:002018-09-06T17:20:30.931-03:00Um pedaço da minha identidade - Vovó DoraOutro dia estava assistindo ao Papo de Segunda no GNT e o Chico Bosco falava da comoção dos brasileiros com o incêndio no Museu Nacional, ele disse: "... o que as pessoas estão sentindo é uma dor profunda precisamente naquilo que elas consideram que é fundamental pra nossa identidade...". Ele se referia a cultura, a perda dessa identidade do Brasil(eiro) com o tal incêndio....<br />
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Isso imediatamente me conectou com a última e recente perda, da qual não fiz alarde pra me preservar, pra tentar passar por cima, como se fosse possível: a perda da minha avó Dora. Quando comento com as pessoas eu digo: ela já estava velhinha, e já não vivia bem (no sentido de saúde, independência, liberdade...) fazia tempo. Eu lembrava e lembro de como seria um egoísmo enorme querer que ela continuasse aqui só pra fazer a gente feliz com a presença dela, ainda que felicidade não fosse exatamente a palavra ao vê-la tão debilitada.<br />
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<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEje1sVzYCBikPj3BFbu-bpH0wWX5rH1At5U-zyPZpdDx3ZJXwDFvF-eJW_F0ymuVEq_zOx2GJdml3EMk48JXWk2rUXuHVUqskgNfYyotB1qB3spNykfmHE0hZFH8gPnpP0ZXfRvfIhzM9g/s1600/IMG_8326.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="745" data-original-width="750" height="317" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEje1sVzYCBikPj3BFbu-bpH0wWX5rH1At5U-zyPZpdDx3ZJXwDFvF-eJW_F0ymuVEq_zOx2GJdml3EMk48JXWk2rUXuHVUqskgNfYyotB1qB3spNykfmHE0hZFH8gPnpP0ZXfRvfIhzM9g/s320/IMG_8326.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Nossa última foto juntas - mar/2017</td></tr>
</tbody></table>
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Eu já estava me preparando fazia tempo, é verdade, mas também é verdade que nunca estamos totalmente preparados pra perder a nossa identidade. Pensar nisso tudo me faz sofrer. Me dá um misto de tristeza pela perda física, pela perda dos meus tios e primos, uma coisa de alívio por saber que agora ela tá bem, e um buraco da minha identidade que foi embora...<br />
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Mas ai eu penso numa coisa que já reflito há algum tempo: eu ainda sou essas pessoas que perdi. É tão certa a história da identidade que de verdade a gente sente o buraco, mas é tão parte de nós que não dá pra achar que minha avó não está mais aqui, porque eu sou ela.<br />
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Como falei rapidamente no instagram "todos os meus aniversários e chás de cidreira serão eternamente seus". Se fosse só isso... Além dela também ter nascido no 5 de outubro, e todo ano até o ano passado ser uma guerra pra ver quem ligaria primeiro (kkkk), eu tenho tanto da minha vó. O cheiro do chá de cidreira é ela, e só ela. O cozinhar pra galera. O cuidado com as panelas favoritas. O amar pão. A neurose com o tamanho da bunda. O gostar de ficar de boa e meio quieta. A maneira de tentar maximizar os recursos. O querer saber das fofocas da família rsrsrs. São tantas coisinhas que fazem eu ter certeza de que ela ainda está aqui que quase não me permito ficar triste, porque afinal de contas quem vive 36 anos e ainda tem avós vivos e presentes? Eu tive! Mais sorte que isso é só SER as pessoas que já se foram. Eu sou um pouco Dona Dora e quero muito que ela esteja feliz e bem junto da galera que já partiu dessa vida muito louca....<br />
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Vou ali fazer um chá de cidreira pra eu tomar quietinha me conectando com ela. Cheers.Gabihttp://www.blogger.com/profile/16118245485340524623noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6074886037121060229.post-45272531111071074362018-08-20T14:21:00.000-03:002018-08-20T14:21:39.419-03:00SDU - CGH | De volta a SampaNo fundo no fundo eu queria muito ser carioca. Carioca no meu estereótipo do carioca, que é: moreno de sol, saudável, sports lover, e leve. Ficava me imaginando uma mãe linda com uma filhinhos queimadinhos pelo sol, e que tomam suco verde. Me enxergava me tornando uma tiazona saudável, de biquini de lacinho, nutrida por açaí e água de coco. Muitas vezes fui ao RJ a passeio. Muitas vezes achei que aquela sim era a forma equilibrada de se viver. Sempre gostei da leveza, do sair de rasteirinha, do não secar o cabelo e de encontrar a beleza natural das pessoas.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9RXudygSUqePbAVRrkEFsc46TDf9sb7m3j9SngjVK-8dWSHJGyQdSjgzevAJL0qexS1vM5hW7RZ12kMiTEzaqjWOKS_gFyrNLP9tED7VbjTRtXJ6semPsWr69CSUMy7qguZHuah1xbfY/s1600/IMG_7346.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="480" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9RXudygSUqePbAVRrkEFsc46TDf9sb7m3j9SngjVK-8dWSHJGyQdSjgzevAJL0qexS1vM5hW7RZ12kMiTEzaqjWOKS_gFyrNLP9tED7VbjTRtXJ6semPsWr69CSUMy7qguZHuah1xbfY/s320/IMG_7346.JPG" width="240" /></a></div>
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Quando surgiu a oportunidade de ir morar no RJ obviamente me deu um medinho. A segurança está uma bomba... O carioca tem uma fama terrível... Mas sei lá, eu (e o Re também) fomos total de coração aberto. A gente tinha certeza de que todos os cariocas seriam como os nossos amigos cariocas, que conhecemos fundamentalmente enquanto eles moravam moravam em SP.... As pessoas diziam "Rio não é São Paulo", e eu pensava, "mas porra, estamos falando de uma capital, de uma cidade grande, não deve ser tão diferente assim."<br />
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Mal sabia eu que "tão diferente assim" era eu.<br />
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Muita gente sempre me viu muito parecida com os cariocas. Concluo que o que temos de parecido é a melanina, a apreciação da beleza natural, e talvez o gosto pelas estampas da Farm, que ainda assim, tenho alguma dificuldade de combinar bem.<br />
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Pra além disso, descobri que eu gosto de praia por tempo e temperatura limitados, e meu amor pela infra no geral é tão grande que eu de fato considero o RJ uma boa praia. Não quero ter que fazer trilha nenhuma pra chegar em praia linda, vazia, e água limpíssima. Na verdade eu nem ligo pra dar um mergulho, faço isso muito mais pra "tirar a urucubaca" do que por vontade de me refrescar. Inclusive já saio correndo pro chuveirinho de agua doce, porque odeio o meu cabelo cheio de sal. Também detesto a ideia de ir almoçar direto da praia com o biquini molhado embaixo da roupa. Acho desconfortável, feio, molha tudo...<br />
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Esportes? Prefiro com temperatura controlada... Não, não subi a pedra da Gávea, nem o Pão de Açúcar, e nem vou acordar as 5h da manhã pra correr. Não, obrigada!<br />
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Eu gosto mesmo é das coisas certinhas. Não quero ter que negociar com o vendedor de zona azul pelo preço de uma vaga, simplesmente porque a vaga tem um preço por um período determinado, fim. Não quero arranjar um jeito, e nem dar uma caixinha, uma cerveja, um almoço. Não quero, porque não é certo. Também acho que quando o carro estiver sujo eu tenho que levar num lava rápido. Não quero que o carro apareça limpinho na garagem do prédio porque não concordo com o funcionário do prédio usar o tempo e a água do condomínio pra fazer trabalho para os moradores.<br />
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Me fazia mal morar no bairro mais caro da cidade e ver vasilha de água pro cachorro escrito "I'M THE BOSS" ao lado de um mendigo todo sujo pedindo por comida, dinheiro, água... Eu ficava nervosa ao ouvir alguém martelando qualquer coisa porque realmente achava que podia ser tiro. E me irritava sempre que precisava dizer que era moradora da cidade ao alugar uma cadeira na praia ou pedir uma água de coco, para assim não ser cobrada como turista (!!!!). Me irritava todas, todas, todas as vezes que um ciclista passava em altíssima velocidade na calçada, driblando idosos, crianças, quase fazendo strikes nos pedestres. Isso não pode ser normal. É pra se acostumar com isso, gente?<br />
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Exagero? Pode ser... Pode ser também que os hormônios tenham me deixado muito menos flexível (tenho certeza que influenciaram muito). Mas dia após dia isso vai irritando num nível que eu só conseguia me sentir um peixe fora d'água, uma paulistana séria, dura e inflexível.<br />
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Claro que nem tudo foi ruim. No RJ eu aprendi:<br />
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<ul>
<li>a fazer compras mais leves pra poder carregar em uma ou duas ecobags e voltar andando pra casa</li>
<li>que açaí bom é com pouco xarope e banana batida</li>
<li>que não secar o cabelo não mata ninguém, mas que dá um belo up no visual</li>
<li>que melanina é a melhor maquiagem, e que não há filtro no instagram que retrate isso tão bem</li>
<li>que padaria boa mesmo é a The Slow Bakery </li>
<li>que eu amo SP (já sabia, mas ficou muito mais forte)</li>
<li>etc....</li>
</ul>
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Acho que o mais importante disso tudo foi entender que preciso e quero ter por perto algumas pessoas. Que pertencimento demora. Que amizade é dedicação. E que não faz sentido ficar numa situação desconfortável só porque o mundo diz que "é assim mesmo" ou "no fim tudo dá certo" ou "tem que aguentar e acostumar".<br />
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Estamos de volta a SP, e voltaremos ao RJ diversas vezes certamente.<br />
<br />Gabihttp://www.blogger.com/profile/16118245485340524623noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-6074886037121060229.post-32267714544650694452017-11-29T19:45:00.000-02:002017-11-29T19:45:54.358-02:00Devaneios de uma mente gordaOlho a mesa ao lado de canto de olho, inconformada, sempre fico pensando que tipo de pessoa larga um queijo brie quentinho com um molho de trufas pra trás? Sério! Isso aconteceu na semana passada e eu continuo indignada só de lembrar. A dupla que estava sentada ao nosso lado no restaurante largou pra trás tranquilamente metade dessa entrada, que vinha servida com pedaços de pão quentinho.<br />
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Por mais que eu tente comer menos, por mais que eu saia de casa determinada a só comer o prato principal, tem certas coisas que eu não tenho maturidade, e queijo brie é uma delas... E eu fatalmente pergunto pro Renato como quem não quer nada "você vai querer entrada?" torcendo pra que ele queira rsrsrs. E ele quis, e brigamos pelo último pedaço de pão que ainda estava quentinho, porque sou dessas que come rápido pra não esfriar.<br />
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Pra além do queijo, quase sempre eu tenho essa reação quando largam porções pra inacabadas. Não me identifico com esse tipo de gente que pede uma porção de bolinho de arroz e deixa um ou dois pra trás esfriando pra todo o sempre. Mano! Devia ser proibido isso. Aquele bolinho quentinho e crocante, feito pra comer na hora tomando alguma coisinha e o ser humano pede e não come tudo? Não posso com isso!<br />
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Eu gosto de gente que come, e gosto de carboidrato, e gosto dele principalmente a noite [sim, isso explica algumas circunferências kkkkk]. Gosto de gente que valoriza a comida, e que em respeito a comida se delicia de verdade comendo o queijo brie quentinho e raspando o molho de trufas no último pedacinho brigado de pão.<br />
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Não gosto de esperar uma conversa terminar pra começar a comer um prato que acabou de chegar a mesa, quentinho. E detesto ver gente tomando sorvete devagar, enquanto ele derrete inteiro, ah, que falta de poesia....<br />
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Foi apenas um desabafo de uma mente eternamente gorda, que felizmente está dentro de um corpo que gosta de exercícios e tem disciplina, e que só por esse motivo não é obesa como os pensamentos. =)Gabihttp://www.blogger.com/profile/16118245485340524623noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6074886037121060229.post-30230027649430466542017-08-14T23:54:00.002-03:002017-08-15T00:00:17.494-03:00Minha história com a Rita LoboEu sempre acho que as coisas que passam pela minha cabeça são irrelevantes para as pessoas. Tenho um insight e penso 'quem iria se importar com essa história?'. Pra que escrever sobre isso? Quem vai querer ler? Fico pensando que nem tenho tanta profundidade pra falar de certos temas. Fico remoendo um início de texto enquanto escovo os dentes, ou enquanto dirijo, ou picando ingredientes pra uma receita. Por algum motivo eu deixo passar (na maioria das vezes) e ai esse blog fica assim paradinho, quando na verdade minha cabeça tá com um milhão de temas...<br />
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Só que hoje eu assisti a um episódio da Cozinha Prática com a Rita Lobo em que ela divide memórias da família. O personagem de hoje foi seu avô e ela mencionou coisas que poderiam ter sido ditas por mim dada a semelhança do que ela descreveu. E não por nada específico, não por sermos as duas descendentes de italianos, ou porque eu gosto de cozinhar, mas talvez porque ela tivesse pelo avô dela o mesmo amor que tive pelos meus. Ela foi cativada por ele com o mesmo amor leve com que meus avôs me cativaram. Isso é tão simples, isso é tão grande, isso é tão humano. Como não se identificar? Como não querer ver o episódio todo? Chorei.<br />
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Ela disse mais ou menos assim:<br />
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"Ele foi a pessoa mais feliz que eu conheci, e olha que sorte ele ser meu avô"<br />
"Com o vovô eu aprendi a tomar café bem forte de manhã... e tomar vinho com as refeições..."<br />
<br />
A pessoa mais feliz que eu conheci foi meu avô Sebastião. O mais bem humorado e o abraço risonho de que mais sinto saudade. E café tem que ser forte, né? Nada de água de batata, já diria Lauro Pesente... E toda vez que eu dou o primeiro gole de um vinho tinto eu também lembro dele... Vovô Lauro, a presença de que mais sinto falta.<br />
<br />
Chorei de novo.<br />
<br />
No fim acho que é isso, a vida é muito mais simples do que eu fico imaginando. As pessoas são muito mais normais e se interessam sim pelo trivial. Assim como eu gostei de me ver representada na TV é bem capaz que alguém se sinta representado no que eu escrevo. E quem sabe a Ana Holanda estivesse mesmo certa quando certa vez disse 'continuem escrevendo', 'a sua história tem sim valor'.<br />
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<br />Gabihttp://www.blogger.com/profile/16118245485340524623noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6074886037121060229.post-15585501798125690932017-07-24T21:58:00.002-03:002017-07-24T21:58:19.387-03:00"YOU WISH"Hoje eu fui a academia e lá vi uma mulher que tem um corpo que eu acho lindo. Na verdade tem várias mulheres com corpos bonitos por lá, mas tem uma que eu acho mais gata - to falando de corpo bonito, malhado, bronzeado. Dessas mulheres normais, que trabalham e fazem academia e certamente fazem dieta.<br />
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Quando eu vejo essa mulher eu penso "nossa, queria ter o corpo igual ao dela". Só que hoje essa mulher estava usando uma camiseta com o seguinte dizer "YOU WISH".<br />
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A camiseta dela estava falando comigo. kkkkk. Sim eu queria ter aquele corpo, fácil que eu queria. Mas será que eu queria ter a rotina dela? Será que eu queria o suficiente?<br />
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É fácil olhar a grama do outro e perceber como é verde, verdinha! É fácil querer tudo, e querer que seja fácil e rápido. Só que no geral não é fácil porque as coisas precisam ser construídas e na maioria das vezes exige o mínimo de dedicação....<br />
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É o mesmo caso de gente que vê os quilos que minha irmã emagreceu e diz pra ela "nossa eu queria ter a sua disciplina e ir a academia todo dia" - [que tal acordar as 5h da manhã como ela e ir a academia? Que tal preparar as marmitas da semana? Que tal se planejar?]<br />
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Ou dos amigos passaram na USP e ouviram na época "nossa, que sorte que você passou numa faculdade que não é paga" [Muita sorte é claro. Não é que a pessoa estudou loucamente. Não é que teve disciplina e leu todos aqueles livros obrigatórios... Foi sorte apenas, é claro]<br />
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Etc, etc, etc.<br />
<br />
São diversos os exemplos de coisas que as pessoas dizem que querem muito, fazem cara de dó, se colocam como vítima dessa vida cruel e sacana, quando na verdade elas não partem para a ação. E continuam fingindo que querem e a vida fingindo que acredita.<br />
<br />
Claro que eu tenho um monte de quereres superficiais, claro que eu sei que me saboto um monte de vezes... E isso é fundamental pra eu não me colocar num papel de vítima. E apenas retornando ao corpo seco da mulher gata da academia: eu queria ter aquele % de gordura baixinho, mas não queria parar de comer e beber. Na verdade todos os dias da vida eu quero ser mais disciplinada, mas na hora do Gin Tônica do fim de semana, na hora do hamburger sangrando, na hora do brie com geléia, entre outros, eu como mesmo. Então eu concluo que se eu prefiro comer e beber é porque eu quero mais comer e beber do que ser sarada. Pronto. Mas ja houve o tempo em que eu ia ao endocrino e secretamente torcia para haver algum problema na minha tireóide. Tenho vergonha disso, mas é verdade. Então hoje, eu sei que sou responsável por (também) isso, e não fico colocando a culpa na genética, nos padrões da moda, na minha altura, bla bla bla...Gabihttp://www.blogger.com/profile/16118245485340524623noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6074886037121060229.post-36675263545176259042017-07-22T13:13:00.000-03:002017-07-22T13:13:19.247-03:00A tranquilidade de não refletir sobre certos temasAmiga 1: Nossa Gabis, você tem muita cara de maconheira. Você jura que você não fuma?<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHa0HL9DdU4dfcpAAGCvTBVsep4Lbg0Ya1DwRgtfQir0MfP1W2ZSkFnYIClCWgeKfxHN3I8seGUOu5LeQ5TObLAWyc6qeOgzxzw1o1KyQ-JXgGOoHkPXVPxexoJRYIfYsuTPJcmJjY7eE/s1600/maconha-folha-20121204-56-original6.jpeg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="454" data-original-width="680" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHa0HL9DdU4dfcpAAGCvTBVsep4Lbg0Ya1DwRgtfQir0MfP1W2ZSkFnYIClCWgeKfxHN3I8seGUOu5LeQ5TObLAWyc6qeOgzxzw1o1KyQ-JXgGOoHkPXVPxexoJRYIfYsuTPJcmJjY7eE/s320/maconha-folha-20121204-56-original6.jpeg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Google Images: veja</td></tr>
</tbody></table>
Gabi: Não, não fumo. Não quero fazer parte do tráfico.<br />
Amiga 1: kkkkkkkk<br />
Gabi: To falando sério.<br />
Amiga 1: Como assim?<br />
Gabi: Não quero ser o "playboyzinho da zona sul" (me referindo à cena do filme Tropa de Elite).<br />
Amiga 1: kkkkkk, é serio isso?<br />
Gabi: Sim, é sério isso. Quando você consome algo você está financiando o produto em si, seja lá de que forma que esse produto chega até você.<br />
Amiga 1: Ah, ta... Mas quando eu fumo eu não vou comprar na boca não...<br />
Gabi: Hum, então você planta? [que por um acaso até onde eu sei também pode ser considerado tráfico no Brasil]<br />
Amiga 2: Ah, kkkk, pra Gabis consumir tem que ser orgânico.<br />
Gabi: Não gente, pra eu consumir tem que não ser tráfico, não importa quem compra, importa que tem gente que tá fazendo isso, importa que tem criança aviãozinho, importa que tem traficante no meio.<br />
<br />
Silêncio.<br />
<br />
E não foi sempre assim. Realmente eu assisti Tropa de Elite no cinema e me senti no lugar do Playboyzinho da Zona Sul. Nunca mais fumei.<br />
Não que eu fosse compradora, ou super consumidora de maconha. Já fumei sim. Poucas vezes e sempre de amigos... Mas pra mim não tem diferença de fumar de amigo, de ir comprar na boca, ou sei lá o que. Tem diferença de plantar em casa, envolve menos gente, mas ainda assim tá errado [de acordo com a lei do Brasil]. Não quero ser uma peça desse jogo onde muita gente inocente morre.<br />
<br />
Essa opção é minha. Cada um faz o que quer. E nem gosto tanto assim te maconha na verdade. Dá sono. Mas fiquei meio impressionada com o fato de que essa minha postura pareceu uma surpresa e provocou risos em pessoas que estão ao meu redor. Tráfico é um tema tão delicado, um tema que mata tanta gente, um tema que ninguém quer estar envolvido, só que está. <i>Period</i>.Gabihttp://www.blogger.com/profile/16118245485340524623noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6074886037121060229.post-88989174491882756442017-07-11T20:36:00.000-03:002017-07-11T20:36:25.959-03:00Relacionamentos: uma ou outra reflexãoNão sei qual foi a primeira vez que escutei um homem dizer "nossa, se eu não fosse comprometido eu namorava com ela" ou, "ah se eu não fosse casado eu ia pegar tal mulher". Apesar de não lembrar quando foi a primeira vez que eu ouvi isso eu me lembro a primeira vez que isso me incomodou muito, faz mais de 10 anos. Eu tinha 20 e poucos anos, aquela idade em que a auto-estima não é das melhores, mas felizmente meu gênio sempre foi forte, sempre fui ardida, e questionava "opa, peraí, mas não é só você que tem que querer, bonitão".<br />
<br />
Pode me chamar de louca, mas tá aí mais uma situação machista pra caramba que a gente escuta o tempo todo. E quando o tema é machismo, eu que sempre fui facilmente irritável e intensa nas discussões, vou em frente, em frente, em frente. Não evito confronto sobre esse tema que é extremamente importante, e extremamente atual, e todo mundo se diz a favor da igualdade de gêneros, mas nem todo mundo vive isso.<br />
<br />
O lance é que por trás dessa frase está declarado - na minha opinião - que quem tem a decisão da escolha numa relação é o homem. E aqui obviamente estou generalizando, até porque não é todo homem que fala essa frase. Estou falando de uma turma, que me parece a maioria, mas é claro que não é todo mundo assim, nem todos pensam que quem escolhe a princesa é o homem.<br />
<br />
A princesa indefesa que precisa tomar cuidado com o que fala, que não pode dar de primeira, ou que não tem amigos homens, que não pega no pé, e que preferencialmente não bebe muito. Entre outras situações que nem preciso elencar aqui. Imaginem só que calamidade se a mulher faz alguma dessas coisas e acaba não sendo escolhida, porque afinal, não é um material "namorável" ou "casável". Afe, que preguiça.<br />
<br />
A verdade é que os homens só tem essa postura porque as mulheres deixam eles terem. Os meninos são ensinados desde crianças a serem machistas, e as meninas também. E ai cresce um monte de adulto com a cabeça fraca, com uma relação de superioridade que não é real. Cresce um monte de mulher que acha que precisa ser escolhida. Cresce um monte de cara achando que a coisa mais natural do mundo é escolher.<br />
<br />
E como as mulheres deixam os caras continuam fazendo, e as mulheres não entendem o que está errado. Começa uma crise pra entender o que será que significa a mensagem de whatsapp. Ou a saga das cartomantes, ou a busca pelo signo ideal, ou variações do tom de voz...<br />
<br />
Um desgaste.<br />
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Homens e mulheres esquecem que é preciso que os dois se escolham.<br />
<br />
Então lembro da minha avó que sempre me disse pra eu me valorizar. E claro que o que ela quis me dizer todo mundo entendeu... Mas que tal pensar no sentido amplo do conselho? Valorizar, no dicionário: dar valor, importância a (algo, alguém ou a si próprio), ou reconhecer-lhe o valor que é dotado. Se dar valor, se reconhecer, se dar importância.<br />
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Acabo de ler um livro lindo da Milly Lacombe que fala muito de amor próprio. O Ano Em Que Morri em Nova York me fez refletir muito, sobre muitas coisas, sobre relacionamento, sobre a vida, sobre expectativas. Mas me fez refletir mais ainda, pela história da Milly, sobre o amor próprio. Sobre ser sua melhor escolha.<br />
<br />
Esse livro é de uma mulher lésbica, sendo assim machismo não é um termo que se encaixe perfeitamente, mas foi o que me deu o click pra escrever esse texto que é um mix de rebeldia contra o machismo e uma reflexão sobre amor próprio. Muita gente pode não ver a conexão desses dois temas, mas quando falo de relacionamento entre homens e mulheres eu acho que tem muito a ver. E acho que esse click que aconteceu pra mim pode acontecer pra quem está lendo agora, pra repensar nessas situações que a gente permite, nessas mensagens camufladas, e principalmente pra reforçar sempre nosso valor. Reflexão não depende de gênero, amor próprio também não.<br />
<br />Gabihttp://www.blogger.com/profile/16118245485340524623noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6074886037121060229.post-53369703881644594722017-07-04T19:33:00.000-03:002017-07-04T19:33:03.836-03:00Sim ao 'não'Lembro de uma vez ter comentado com alguma amiga que eu tive apenas uma boneca Barbie quando era pequena. Ela fez uma cara de espanto e perguntou: por que? E eu respondi simplesmente que eu tinha tido apenas uma Barbie porque não tínhamos grana pra eu ter mais de uma. Uma minha e uma da Rafa. Meus pais trouxeram de fora, da única viagem internacional que tinham feito até aquela data. Meu pai devia ter uns 30 anos, com duas filhas, devia ajudar os pais financeiramente. Minha mãe era professora. A gente estudava em escola particular, tinha clube, ia pra Santos sempre ver os avós e tinha apenas uma Barbie cada.<br />
<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhA-6G5gBIQ0RTUFES2AxxatG0FboCFdGJDHIPsKwmaN2z1RErEklBr6o4H5IxJtfq1EuPSjooT053ob9r4kYfKoFaaji_QR050i6jKZrzU5x8L2w2qNJNZxWGqotwbRoFXG8ZhwyFg8Xc/s1600/67be6d6e0b8ad2d12a311d9114a21050.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="177" data-original-width="236" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhA-6G5gBIQ0RTUFES2AxxatG0FboCFdGJDHIPsKwmaN2z1RErEklBr6o4H5IxJtfq1EuPSjooT053ob9r4kYfKoFaaji_QR050i6jKZrzU5x8L2w2qNJNZxWGqotwbRoFXG8ZhwyFg8Xc/s1600/67be6d6e0b8ad2d12a311d9114a21050.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Do Google Images</td></tr>
</tbody></table>
Eu ouvi diversos "nãos" na minha infância. Pra coisas e pra atitudes. Eu fui a típica criança que "não é todo mundo". Eu não tinha todos os brinquedos, eu não tinha feito viagem internacional, eu não podia dormir na casa de amiguinhos, eu não podia ir mal na escola, eu não podia deixar de visitar os avós, eu não tinha roupa de marca (minha primeira foi da Pakalolo porque meus avós me deram de presente) e nem tênis de marca (o primeiro eu juntei todos os dinheiros que ganhei de presente na vida e comprei um New Balance na World Tenis). Eu não tive aquela boneca que dá pra maquiar, nem a Lu patinadora, e nem o pogobol. Eu não ganhei o Smurf que meu pai sempre me prometia - sacanagem pra caramba isso. Não tive festa no Mc, nem em nenhum buffet. Eu não tenho nenhum trauma por isso. Zero.<br />
<br />
E eu cresci sabendo que eu não podia ter várias coisas e isso nunca foi um drama pra mim. Eu sabia que tinha um monte de coisas que outras pessoas não podiam ter. Eu já tinha ido na casa daquela faxineira que mencionei <a href="http://www.devaneiosdagabi.com.br/2017/05/a-primeira-vez-que-percebi-ser.html">nesse post aqui</a>. Eu via que nem todo mundo podia ter as mesmas coisas. Não lembro de meus pais sofrerem por isso, porque eles que me ensinaram que a vida era assim, e então tava tudo bem.<br />
<br />
Com exceção do Smurf - que eu ainda acho muita sacanagem do meu pai - eu sabia sempre porque eu recebia os "nãos", porque era muito caro, porque eu tinha casa e não precisava dormir fora, porque família é a coisa mais importante, porque estar na média não vai te levar a lugar nenhum, porque um dia você vai sentir saudades dos seus avós, porque você não é todo mundo... Clássico!<br />
<br />
Só que hoje numa conversa com uma mãe me veio de novo essa reflexão. Claro que não sem uns atritos, porque como dizem "eu sou muito firme nas minhas posições". Basicamente eu contestava o fato de um filho pedir uma coisa e a mãe se sentir na obrigação de atender o pedido. E claro que, como eu não tenho filhos ainda recebi aquela 'praguinha': "quando você for mãe você vai querer dar tudo pro seu filho, o que você tem e o que você não tem", me dizia a mãe.<br />
<br />
Será?<br />
<br />
Tomei um banho... Continuei pensando. Será que vou querer dar tudo? Será que vou queimar minha língua? E não resisti. Mandei uma mensagem pra minha mãe: "mãe, hoje a tarde tive uma conversa assim assado, falei isso e aquilo e a resposta foi que quando eu for mãe eu vou saber o que é querer dar tudo pra um filho. O que eu posso e o que eu não posso. Mãe, eu to doida por achar que as crianças não tem que dominar os pais?"<br />
<br />
E a resposta de pertencimento que acalma meu coração e me mostra que eu realmente sai daquela barriga: "Não está louca não. Hoje em dia parece que tudo está diferente. A criação, sei lá".<br />
<br />
Minha mãe também não se conforma com o tanto de "personalidade" que as crianças tem, e muitas vezes acha que hoje em dia "os pais são muito moles" rsrsrs. Bom, ela tem três filhos e ela pode falar. Eu só posso por aspas no que ela fala.<br />
<br />
Concordamos que os nãos surgirão mais cedo ou mais tarde, e na nossa opinião é melhor começar a escutar os "nãos" em casa e começar a lidar com eles desde sempre. Certamente vida não será tão gentil quanto os pais podem ser ao dizer a palavrinha chata que escutaremos pra sempre nessa vida.Gabihttp://www.blogger.com/profile/16118245485340524623noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6074886037121060229.post-51652860291720963032017-05-23T16:18:00.000-03:002017-05-23T16:18:01.840-03:00A primeira vez que percebi ser privilegiadaEu devia ter menos de 10 anos quando meu pai decidiu num final de dia qualquer que levaria a nossa faxineira até a casa dela depois do trabalho. Ele decidiu também que eu e a minha irmã mais nova iríamos junto. E fomos. E fomos convidados a entrar e tomar um café. E fomos. Naquele dia qualquer meu pai mostrou pra mim e pra minha irmã que a vida que a gente vivia não era a mesma vida que as filhas da nossa faxineira viviam.<br />
<br />
Lembro de ser longe, e de ser no alto. Não me lembro muito de asfalto. Lembro até hoje de flashes da casa. Não tinha acabamento em tudo, na verdade me lembro de tijolos e cimento, e não de detalhes. Tinha um cheiro de umidade, que é diferente de sujeira, que fique claro. O mais próximo que consigo descrever é o cheiro de uma casa em construção. Além do cheiro de umidade.<br />
<br />
Nesse dia eu tive, pela primeira vez, consciência de que era uma pessoa privilegiada. Meu pai sabia muito bem o que ele estava fazendo, e tenho certeza que foi uma das melhores coisas que ele fez pra minha formação como pessoa. Em casa ele perguntou o que a gente tinha achado da casa da nossa faxineira. Lembro de ter vergonha de dizer que não achei legal. Eu insistia em dizer que era uma boa casa. Isso não saiu mais da minha cabeça. Eu sabia que a minha casa era muito diferente da casa dela. Eu queria não ver, mas com 10 anos eu já sabia que a vida de verdade não tinha as grades altas como na minha casa.<br />
<br />
A verdade é que eu não precisaria ter ido longe pra perceber como a minha vida era ótima. Bastaria olhar o álbum de fotos da infância do meu pai e tios, ou conversar com o meu avô Sebastião, que não sentia saudades de ser criança porque "passou muito frio e fome" naquela época. Frio e fome...<br />
<br />
Frio que a gente passa quando viaja pra neve.<br />
<br />
Fome que a gente sente quanto faz dieta pra perder uns quilinhos.<br />
<br />
Minha consciência sobre esse tema parece só aumentar. Talvez eu esteja ficando mais velha e olhando mais ao redor. Talvez eu esteja ficando mais velha e procure mais sentido nas coisas. Talvez eu esteja apenas despertando mais e mais para esse mundo absurdamente desigual em que vivemos.<br />
<br />
Fiquei três semanas cozinhando esse texto porque eu não sabia onde eu queria chegar com ele. Não conseguia falar direito sobre meritocracia, a tal falada palavra da moda. Não achava nada muito relevante na minha experiência para aprofundar o tema até que hoje leio o post abaixo da TPM e acho que se encaixa exatamente onde eu queria chegar: na consciência de que somos privilegiados para caramba. Sim, nós: eu e você que está lendo esse texto pela internet no conforto do seu lar, ou no ar condicionado no escritório pelo seu smartphone. Mais que privilegiados somos responsáveis por <u>querer</u> diminuir a desigualdade absurda que temos no Brasil. Somos responsáveis sim. E sei que quem está lendo isso não é burro e entendeu bem o que eu escrevi: somos responsáveis pelas nossas atitudes que contribuem ou não para a desigualdade no nosso país. Ponto.<br />
<br />
<a href="http://revistatrip.uol.com.br/tpm/stephanie-ribeiro-sobre-ser-uma-negra-com-privilegios?utm_source=facebook&utm_medium=tpm&utm_campaign=stephanie-ribeiro-sobre-ser-uma-negra-com-privilegios">SOBRE SER UMA NEGRA COM PRIVILÉGIOS</a><br />
Por Stephanie Ribeiro<br />
<br />
<div class="ui-sortable-handle" style="box-sizing: border-box; font-family: 'Archer A', 'Archer B'; font-size: 1.3rem; margin-bottom: 25px;">
"Em 2015, o Tulio, meu parceiro, escreveu o artigo <a href="http://revistagalileu.globo.com/Revista/noticia/2015/10/voce-e-racista-so-nao-sabe-disso-ainda.html" rel="nofollow" style="-webkit-transition: all 0.2s ease; background-color: white; box-sizing: border-box; color: black; outline: 0px; padding: 0px 5px 5px; transition: all 0.2s ease;" target="_blank">"Você é racista – só não sabe disso ainda"</a> com um ponto que causou muito desconforto nas minhas redes sociais quando compartilhei. Ele dizia exatamente isso: "Ter privilégios significa usufruir de oportunidades e escolhas sem ter que pensar sobre isso, como ligar a torneira de casa para ter água. Decisões que parecem banais, mas não são, por causa da existência de um conjunto de indivíduos da mesma sociedade que não têm as mesmas oportunidades".</div>
<div class="ui-sortable-handle" style="box-sizing: border-box; font-family: 'Archer A', 'Archer B'; font-size: 1.3rem; margin-bottom: 25px;">
A palavra <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">privilégio</span> incomoda. É perceptível, quando alguém se vê diante dos seus privilégios, que a pessoa tende a ficar na defensiva. Contudo, a palavra não incomoda mais do que o fato de estarmos numa sociedade extremamente desigual em que ter privilégio é também visto como banal.</div>
<div class="ui-sortable-handle hidden-continue hidden-xs" style="box-sizing: border-box; font-family: 'Archer A', 'Archer B'; font-size: 1.3rem; margin-bottom: 25px;">
E há coisas banais que são privilégio. Por exemplo: apenas quatro das capitais brasileiras têm água encanada em 100% das casas. E mesmo que 93% das residências urbanas do país tenham água encanada, apenas 53% têm coleta de esgoto. Se você mora numa das 33 cidades brasileiras que não contam com abastecimento de água, ou em uma das mais de 2 mil cidades onde não há uma rede coletora de esgoto, você corre o risco de ter doenças como esquistossomose, febre amarela, febre paratifóide, amebíase, ancilostomíase, ascaridíase, cisticercose, cólera, dengue, disenterias, elefantíase, malária, poliomielite, teníase, tricuríase, giardíase, hepatite, infecções na pele e nos olhos e leptospirose. <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">Risco que eu cresci sem correr. Risco que uma parcela da população não corre – por causa de privilégios. </span><br />
<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><br /></span>
<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><span style="background-color: white; font-family: 'Archer A', 'Archer B'; font-weight: normal; line-height: 29px;">Não ter que ir até um poço pegar água para fazer comida é um privilégio. Uma torneira com água corrente todo dia é um privilégio, ainda mais em tempos que se fala de racionamento e parte da periferia de São Paulo fica sem água recorrentemente. Parece simples, mas não é. Lembro quando peguei um ônibus no Rio Grande do Sul e conversei com uma passageira que me relatou que a família tinha casos recorrentes de leptospirose. Eu nunca soube de algo parecido na minha família. Sou do interior de São Paulo, de Araraquara, uma cidade que tem um dos melhores Índices de Desenvolvimento Humano do país. É claro que aquela mulher branca têm privilégios raciais que eu, mulher negra (e que qualquer negro do Brasil), não tenho, pois </span><span style="box-sizing: border-box; font-family: 'Archer A', 'Archer B'; line-height: 29px;">o racismo é estrutural e estruturante</span><span style="background-color: white; font-family: 'Archer A', 'Archer B'; font-weight: normal; line-height: 29px;">. Mas por questões de território e classe, eu gozo de privilégios em relação a ela.</span></span><br />
<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><span style="background-color: white; font-family: 'Archer A', 'Archer B'; font-weight: normal; line-height: 29px;"><br /></span></span>
<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><span style="background-color: white; font-family: 'Archer A', 'Archer B'; font-weight: normal; line-height: 29px;">Ao crescer, meu avô me dizia que Araraquara já tinha ficado entre as cidades mais arborizadas do país. De fato, minha infância toda eu brincava em parques cheios de árvores e com equipamentos urbanos como escorregador, gangorras e quadras de basquete e vôlei. Isso sem contar uma pista de atletismo que tinha perto de casa. Tudo ali, de graça e ao ar livre. Depois, entrei em várias e várias escolas públicas que tinham estruturas mínimas de qualidade: paredes limpas, banheiros limpos e com papel higiênico, salas com iluminação natural, alto desempenho em análises de ensino governamentais, merenda diária e com qualidade. Araraquara também conta pouco mais de 200 mil habitantes, baixos índices de criminalidade, diversos espaços culturais e uma série de outros fatores que tornam essa cidade a sétima melhor cidade para se viver em São Paulo e o 14ª IDH municipal do país.</span></span><br />
<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><span style="background-color: white; font-family: 'Archer A', 'Archer B'; font-weight: normal; line-height: 29px;"><br /></span></span>
<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><span style="background-color: white; font-family: 'Archer A', 'Archer B'; font-weight: normal; line-height: 29px;">Nascer em uma cidade como essa, com uma mãe solteira que teve apoio da família, me fez chegar onde estou agora – mesmo sendo uma mulher negra em um país em que, na minha faixa etária (16-24 anos), temos três vezes mais chances de sermos estupradas. Aos 23, tenho um diploma em arquitetura e urbanismo pela PUC. É claro que isso tem a ver com o esforço de estudar, mas o esforço não basta se você não tem apoio e condições mínimas. Assumir isso não significa assumir que não tive mérito nessas conquistas ou que não enfrentei o </span><span style="box-sizing: border-box; font-family: 'Archer A', 'Archer B'; line-height: 29px;">racismo institucional</span><span style="background-color: white; font-family: 'Archer A', 'Archer B'; font-weight: normal; line-height: 29px;">.</span></span><br />
<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><span style="background-color: white; font-family: 'Archer A', 'Archer B'; font-weight: normal; line-height: 29px;"><br /></span></span>
<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><span style="background-color: white; font-family: 'Archer A', 'Archer B'; font-weight: normal; line-height: 29px;">Não deixei de ser uma mulher negra quando entrei numa universidade. Eu sou negra, minha vida é marcada pela minha cor, o negra chega antes da Stephanie. Porém, mesmo sendo negra, pude gozar de um privilégio que só os brancos têm com facilidade: a </span><span style="box-sizing: border-box; font-family: 'Archer A', 'Archer B'; line-height: 29px;">mobilidade social</span><span style="background-color: white; font-family: 'Archer A', 'Archer B'; font-weight: normal; line-height: 29px;">. Os meus privilégios territoriais e de ensino me alçam a um “outro lugar”, onde o racismo ainda existe, mas eu já consigo gozar de possibilidades de escolhas.</span></span><br />
<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><span style="background-color: white; font-family: 'Archer A', 'Archer B'; font-weight: normal; line-height: 29px;"><br /></span></span>
<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><span style="background-color: white; font-family: 'Archer A', 'Archer B'; font-weight: normal; line-height: 29px;">O privilégio é a escolha. Não é só ter algo que te favorece, mas é a possibilidade, mesmo que mínima, de escolher onde morar, o que comer, como viver, onde trabalhar, o que estudar. Por mais que a gente possa ir traçando várias comparações, o fato é que privilégio é contexto, é território, é raça, é classe, é gênero, é algo que nem sempre você escolhe, mas que invariavelmente concede alternativas e oportunidades que outros não têm.</span></span><br />
<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><span style="background-color: white; font-family: 'Archer A', 'Archer B'; font-weight: normal; line-height: 29px;"><br /></span></span>
<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><span style="background-color: white; font-family: 'Archer A', 'Archer B'; font-weight: normal; line-height: 29px;">Sendo negra, é fato que ter privilégios me fez ser impactada pelo racismo de formas muito diferentes do que um jovem na mesma idade numa periferia paulistana, carioca, soteropolitana ou amazonense. Na minha faixa etária, é recorrente que jovens da classe C e D sejam mães – é o que estudiosos chamam de "</span><span style="box-sizing: border-box; font-family: 'Archer A', 'Archer B'; line-height: 29px;">geração nem nem</span><span style="background-color: white; font-family: 'Archer A', 'Archer B'; font-weight: normal; line-height: 29px;">". Minha família nunca deixou de, segundo o IBGE, ser vista como classe C, mas é diferente ser classe C no interior. Eu e minhas amigas de escola não somos da "geração nem nem". Por outro lado, eu vejo a minha ascensão isolada. O negro, quando ascende, ascende sozinho. Então você pode ser um negro privilegiado e ter familiares que ainda são estatísticas, como eu tenho tios presos. As concessões de privilégios para alguns indivíduos negros não impactam ou transformam essa estrutura do dia para a noite.</span></span><br />
<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><span style="background-color: white; font-family: 'Archer A', 'Archer B'; font-weight: normal; line-height: 29px;"><br /></span></span>
<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><span style="background-color: white; font-family: 'Archer A', 'Archer B'; font-weight: normal; line-height: 29px;">Em 2016, fui fazer um trabalho com outros colegas arquitetos na periferia de São Paulo e dos momentos na universidade – contando inclusive um professor falando da minha "pele escurinha" na frente da sala toda – o mais desconfortável foi estar com um grupo de quase 20 pessoas brancas fazendo uma "análise" da "outra" realidade. As pessoas da "outra" realidade eram negras, crianças negras, mulheres negras levando os filhos para escola, pessoas negras escutando samba alto que nem meu avô fazia, e em determinado momento um garoto apontou para o grupo e disse: "Olha as patricinhas. As riquinhas".</span></span><br />
<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><span style="background-color: white; font-family: 'Archer A', 'Archer B'; font-weight: normal; line-height: 29px;"><br /></span></span>
<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><span style="background-color: white; font-family: 'Archer A', 'Archer B'; font-weight: normal; line-height: 29px;">Algumas meninas do grupo se incomodaram, mesmo todas elas tendo carros, que os pais cedem ou presenteiam. Enquanto aqueles garotos tem a chance de morrer a qualquer momento, basta um polícia "confundir" a bola com drogas. A minha inquietação é que depois de dias eu continuava tentando entender "qual é o meu lugar". Quando eu vou na periferia, sei que sou negra como eles, mas não tive as mesmas vivências de ser periférica que aquelas pessoas. Quando estou em ambientes brancos de classe média, como na universidade, me sinto um nada, pois eu sou negra. No final, eu sou uma mulher negra que não está no lugar pré-estabelecido para o negro, mas também não goza do privilégio de se adequar a espaços brancos, sendo vista e tratada muitas vezes como impostora. </span><span style="box-sizing: border-box; font-family: 'Archer A', 'Archer B'; line-height: 29px;">Eu tenho privilégios, e o que uma pessoa negra com privilégios deve fazer?</span></span><br />
<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><span style="box-sizing: border-box; font-family: 'Archer A', 'Archer B'; line-height: 29px;"><br /></span></span>
<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><span style="box-sizing: border-box; font-family: 'Archer A', 'Archer B'; line-height: 29px;"><span style="background-color: white; font-weight: normal;">Existe uma linha e eu estou no meio dela. Um não-lugar para o sujeito negro, que é sempre relegado a imposição de uma pobreza estrutural e da falta de acessos. E que dada a forma como caminham as medidas do atual governo, só terá menos possibilidades ainda. E eu não quero ser branca. E não sou uma mulher branca. Eu quero ser uma negra com o mínimo de possibilidades de escolhas possíveis. Ter privilégios é um lugar de conforto, que precisa não ser. Se você tem algo que a maioria não tem, isso não significa que você é especial, o "escolhido", e sim que a estrutura é desigual e injusta.</span></span></span><br />
<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><span style="box-sizing: border-box; font-family: 'Archer A', 'Archer B'; line-height: 29px;"><span style="background-color: white; font-weight: normal;"><br /></span></span></span>
<div class="ui-sortable-handle hidden-continue hidden-xs" style="box-sizing: border-box; font-family: 'Archer A', 'Archer B'; font-size: 1.3rem; margin-bottom: 25px;">
O privilégio precisa ser apontado e, quando for, que isso te faça refletir: <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">qual é o seu lugar e quais as suas possibilidades de mudar a estrutura</span>. Eu, por exemplo, quero que as pessoas brancas tenham a mesma sensação que tenho quando estou numa sala de aula em que não vejo ninguém como eu. Quero lembrar diariamente para pessoas brancas que não adianta me chamar para ir numa festinha para mostrar que sou a amiga negra, se não vai ter outros como eu. Quero lembrar que não se acaba com o racismo se você não consegue ampliar seus espaços para que negros também estejam neles.</div>
<div class="ui-sortable-handle hidden-continue hidden-xs" style="box-sizing: border-box; font-family: 'Archer A', 'Archer B'; font-size: 1.3rem; margin-bottom: 25px;">
Quantos negros fazem parte do seu dia a dia?</div>
<div class="ui-sortable-handle hidden-continue hidden-xs" style="box-sizing: border-box; font-family: 'Archer A', 'Archer B'; font-size: 1.3rem; margin-bottom: 25px;">
Quantos negros sentam do seu lado no trabalho?</div>
<div class="ui-sortable-handle hidden-continue hidden-xs" style="box-sizing: border-box; font-family: 'Archer A', 'Archer B'; font-size: 1.3rem; margin-bottom: 25px;">
Quantos negros estão na mesma posição que você e não servindo para você?</div>
<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;"><span style="box-sizing: border-box; font-family: 'Archer A', 'Archer B'; line-height: 29px;"></span></span><br />
<div class="ui-sortable-handle hidden-continue hidden-xs" style="box-sizing: border-box; font-family: 'Archer A', 'Archer B'; font-size: 1.3rem; margin-bottom: 25px;">
A escrita em espaços como esse é um privilégio, e é com ela que eu pergunto: até quando a naturalização do privilégio de poucos como algo normal, que se dá em cima do desprivilégio de muitos como “destino”, vai ser chamada de mérito?"</div>
</div>
Gabihttp://www.blogger.com/profile/16118245485340524623noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6074886037121060229.post-29756016101232804012017-04-12T13:32:00.000-03:002017-04-12T13:32:18.357-03:00Raiz ou Nutella?Eu já quis transformar a minha vida numa planilha. Nunca fui magra e sarada, sempre, todos os dias da minha vida eu quis ter 14% de gordura (aquele da balança maledeta). Houve momentos em que pensava que só vivendo numa planilha de treinos e dieta eu alcançaria isso e seria muito feliz. Há. Hoje eu tenho certeza que 14% pra mim é só assim mesmo - excluindo doença, distúrbio alimentar, etc. Hoje eu continuo querendo 14% de gordura, mas quero mais ser feliz e leve, leve no sentido figurado também.<br />
<br />
Ser leve no lidar com as coisas, na altura do salto e na tolerância com as pessoas. Quero ser mais leve com o meu sono que teima em durar 9 demoradas horas e não está querendo correr cedo no parque antes do solzão. Por que não o final do dia? Com o sol caindo e a dama da noite soltando seu perfume ali na curvinha do Severo Gomes.<br />
<br />
Quero ser mais suave com a agenda que não se concretiza, quero cantar bem alto a música favorita da época e cagar pro trânsito bizarro de São Paulo. Quero querer ficar sem beber por 1 mês e quero pegar leve comigo quando me render a um ou dois drinks que sempre terminam mais felizes do que começaram.<br />
<br />
Hoje eu quero muito internalizar que eu posso gostar de Pink Floyd, Tom Jobim, Dave Matthews Band e que tá tudo bem se eu dançar "Deu onda" [kkkkk, me julguem]. E eu vou continuar defendendo a Bela Gil e suas receitas com tofu e grão de bico. E vou continuar sabendo do tanto que a criação de gado de corte é responsável pelo efeito estufa, mas também vou comer um hamburger sangrando, porque adoro, e eu respeito aquele boi que virou alimento pra mim.<br />
<br />
Acho que com 35 anos, e querendo os 14% de gordura estou entendendo que dá pra ter uma vida mais equilibrada. Dá pra ser mais de uma pessoa, graças a Deus! Dá pra querer trabalhar menos e mesmo assim ser muito comprometida. Dá pra ser casada e continuar se divertindo muito com os amigos [com e sem o marido]. Dá pra ser raiz e Nutella. Dá pra buscar os 14% de gordura sendo chata e velha de 2a a 5a, e pinguça e jovem de 6a a domingo. Ainda bem!<br />
<br />
<i>Post inpira na Fe de quem eu praticamente parafraseei a penúltima frase. </i><br />
<br />Gabihttp://www.blogger.com/profile/16118245485340524623noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6074886037121060229.post-19777964854179287092017-04-05T23:36:00.000-03:002017-04-05T23:36:46.039-03:00DisciplinaNo sábado assisti ao filme 100 metros (no Netflix) que conta a história de um jovem - pessoas de 35 anos são muito jovens rsrsrs - que é diagnosticado com esclerose múltipla. O cara recebe o diagnóstico e dizem que ele não poderá nem andar 100 metros no próximo ano pois, a doença tirará seus movimentos gradativamente.<br />
<br />
Só que o cara se inscreve num iron man. Pra quem não sabe um iron man é uma prova que é composta por 3,8 km de natação, 180km de ciclismo e 42,2km de corrida, a famosa maratona. O cara teve um diagnóstico de esclerose múltipla. O cara se inscreveu num iron man. O filme é baseado em fatos reais, e eu recomendo pra quem gosta de histórias de superação.<br />
<br />
Ai no domingo o Re fez a primeira meia maratona dele, pra quem não sabe a metade dos 42,2km da maratona mencionados ali em cima... São 21km. Sempre digo, porque também já corri meus 21km que: todo mundo pode correr 21km, mas poucos são os que correm os seus 21km. Na verdade muitos correm, mas dos que eu conheço, poucos correm. Isso porque correr 21km é questão de treinar e só. É preciso dedicação, é preciso treino. Não é um escândalo de difícil, e nem é preciso parar de viver pra isso. Dá pra encaixar a vida social preferencialmente no sábado a noite, pra poder fazer o longo no sábado pela manhã...<br />
<br />
E aí é aquela homeopatia. 2a, 4as, e sábados tem corrida. 3as e 5as tem musculação. Todos os dias é ideal ter sono bom. Todos os dias é ideal se alimentar bem. Tem que alongar. Tem que hidratar. Pode ser que machuque o joelho. Pode ser que um dia acorde sentindo a sola do pé, maldita fáscia plantar, pode ser que tenha que fazer gelo. Pode ser que não doa nada, e que tudo dê certo lindamente. Pro Re foi assim, zero lesões.<br />
<br />
A disciplina vale tão a pena. Prepara tanto, traz o conforto e a segurança de estar bem treinado. No sábado a noite, antes da prova do Re eu sabia que ele iria bem. Disciplinado e treinado ele já tinha corrido 19km como treino duas semanas antes. Seria só correr mais 10 minutos e prova terminada.<br />
<br />
No domingo acordei às 7 da manhã pra esperar ele na linha de chegada. Ele chegou no tempo determinado, calmo, sem fazer muita festa rsrsrsrs. A cara dele. Mas cada pessoa cruzava a linha de chegada com uma cara. Tinha gente morrendo de cansaço, tinha gente gritando de felicidade, tinha gente de boa como se estivesse passeando, tinha gente querendo voar nos últimos 100 metros, tinha gente fazendo um snapchat (ju-ro!!!!), tinha gente xingando de alívio, tinha gente andando porque se machucou no meio do caminho...<br />
<br />
E assim que é, cada um com a sua caminhada, ou corrida, nesse caso. Acho louco como momentos representam a vida, e como o esporte é sempre um excelente professor. Disciplina, determinação, organização, concentração, atenção, foco. A briga interna é a mais difícil e a mais gostosa de ganhar.<br />
<br />
Disciplina e a determinação: definitivamente as características que mais admiro nas pessoas e que fico sempre, sempre, sempre querendo encontrar em mim.Gabihttp://www.blogger.com/profile/16118245485340524623noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6074886037121060229.post-38925889522988474442017-03-21T19:33:00.002-03:002017-03-21T19:33:38.187-03:00Aquele pensamento pré Mega Sena: e se eu fosse bem rica?Outro dia eu estava em casa pensando o que eu faria se eu não precisasse trabalhar. Rapidamente minha mente mudou o rumo e se questionou o que eu ia querer fazer se tivesse muita grana, tipo Mega Sena. Pode parecer mentira mas não visualizei grandes mudanças na minha vida, não. Claro que alguns ajustes seriam feitos....<br />
<br />
Eu ia parar com essa mania de querer o céu, porque simplesmente iríamos morar numa cobertura. Nada gigante. Nada que precisasse de empregada todos os dias - não consigo nem imaginar minha vida com alguém enfiado em casa todos os dias. Todos os dias. Eu gosto de tomar café da manhã de camisola... Não dá pra ter gente diferente em casa todos os dias. Mas que eu queria poder olhar pra cima e ver o céu, ah como eu queria. Não queria ofurô, nem piscina, nem nada disso. Queria ter um chuveiro, uma espreguiçadeira e meus temperos plantados em vasinhos. Queria muito também ter gancho pra pendurar umas 3 ou 4 redes. Porque rede nunca é demais. Sério, cobertura parece ostentação, mas eu só queria um quintalzinho, e como tenho medo de casa em SP tem que ser cobertura. Pronto. E sim eu queria morar em SP mesmo.<br />
<br />
Certamente não teria um carro com tanta batedeira como o atual. Rsrsrsrsrs. Ele tá velho coitado. Mas não quebra, e tem ar, direção, automático. Tá ótimo. Não preciso muito mais que isso.... Mas se tivesse muito dinheiro eu não ficaria pensando que o IPVA + o seguro + a manutenção + o valor de se trocar de carro com frequência me custariam uma viagem internacional... Sendo assim é provável que eu finalmente tivesse um SUV blindado. Pronto.<br />
<br />
Viagens... acho que viajaria mais. Tipo todos os feriados, e dane-se se custa o dobro. Dinheiro serve pra gastar. Tipo todos os finais de semana de sol no litoral norte mesmos sabendo que a pousada muitas vezes é mais cara que o RJ nas Olimpíadas... Dinheiro serve pra isso.<br />
<br />
E é isso. É isso. Não queria ter um barco, uma casa na praia, outra no campo. Nem ia querer esquiar. Nem jogar tênis. Nem ter um carrão desses que fazem barulho. Nem precisaria ter bolsas de marca, nem closet gigantesco. Mas pensando bem eu só ia comer orgânicos. Dane-se que a couve flor custa R$ 8 (se pensar bem é o mesmo preço do Nespresso em muito restaurante).<br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgPO3EUlKQsS8val7wcWPZRzN5DyVPfoofBGR65UZeDm91al5NCqmasUvD7VjbNjweZQsMFsN9hma7RnUFEHaT7NMXnBb4m8eV4Kht1m-Hj1t-sFRNlGG4DgRJYr9OkrZXwpipB-CoUSRI/s1600/FullSizeRender-7.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="394" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgPO3EUlKQsS8val7wcWPZRzN5DyVPfoofBGR65UZeDm91al5NCqmasUvD7VjbNjweZQsMFsN9hma7RnUFEHaT7NMXnBb4m8eV4Kht1m-Hj1t-sFRNlGG4DgRJYr9OkrZXwpipB-CoUSRI/s400/FullSizeRender-7.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">"A vida é feita de pequenos prazeres" - Fonte: algum instagram aberto</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
É sério isso. Quem me conhece sabe como é sério isso. Mas a parte mais legal desse exercício foi concluir que: eu já sou feliz! Há! Porque essas coisinhas que eu mudaria são coisinhas. Não são estruturais na minha vida, são acessórios... E quem não percebe o que é de fato importante fica correndo atrás do próprio rabo... Acha que merece um carrão, ai compra o bendito. Ai tem que trabalhar muito mais pra pagar a prestação do carrão. E se fosse só carro tava bom, né? Carro, apartamento, etc e tal. Não faz nenhum sentido pra mim.<br />
<br />
E antes que alguém pense "ah, ela fala isso porque não pode ter coisas caras", vamos a um exemplo prático: atualmente, mesmo podendo consumir máscara de cílios da Lancôme com um belo desconto, eu continuo usando Maybeline no dia a dia. Não preciso mais que isso. Tomo banho toda hora, ponho e tiro a maquiagem toda hora. Pra que ficar usando algo 3x mais caro só porque tenho acesso a esse tal desconto? Pra quê?<br />
<br />
Então se eu fosse bem rica é capaz que não me preocupasse [muito] com o valor da garrafa de vinho, mas acho pouco provável que algum dia na vida eu deixe de raciocinar sobre o preço das coisas. Também teria um armário maior, e teria coragem de ter uma Chanel, tudo no armário da tal cobertura com o céu. E eu estaria sempre bronzeada [isso sim me faz mais feliz]. Certamente eu comeria em restaurantes animais toda semana. Mas eu juro que eu não acho que seria de verdade MAIS feliz. Seria apenas menos preocupada com o futuro, não mais feliz, porque eu acredito mesmo nas pequenas felicidades. (Vide o instagram que mantenho junto com uma amiga @pequenas_felicidades).<br />
<br />
Li outro dia a seguinte frase e achei perfeita: <b>"a sensação do 'eu posso ter, mas não quero' é libertadora a partir do momento que você se dá conta de que pode - e deve - escolher só o que tem sentido pra você"</b> - Miriam Goldenberg na Revista Vida Simples.<br />
<br />
Achei uma boa reflexão pra dividir.<br />
<br />
No fim das contas o que eu quero mesmo é ver o céu deitada na rede. ;-)<br />
<br />
<br />Gabihttp://www.blogger.com/profile/16118245485340524623noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6074886037121060229.post-91331914891682629852017-03-08T10:43:00.000-03:002017-03-08T21:28:23.638-03:00É nossa responsabilidade sim!Dia 08 de março sempre foi um dia agradável pra mim. Meu pai sempre nos presentou - a mim, minha mãe e irmã - com flores, ou saíamos pra jantar, ou algo especial por ser o dia internacional da mulher. Nos dias mais empolgados ele chegava até a ligar pra mulherada da família. Eu sempre achei isso muito legal.<br />
<br />
Meu pai, filho da minha avó que sempre trabalhou pra dar conta de cuidar de 4 filhos. Meu pai, filho do meu avô que sempre lavou a louça, ou que preparava o café da manhã, ou que já ia amassando a batata pra minha avó fazer o nhoque. Meu avô trabalhava fora e sempre foi um homem da casa. Minha avó trabalhava fora e sempre foi uma mulher da casa.<br />
<br />
Exemplo sempre foi o melhor caminho pra formar alguém.<br />
<br />
Hoje é de novo dia 8 de março e num mundo onde escuto das mulheres que os maridos as "ajudam" em casa também escuto que o dia internacional da mulher é mais uma forma de machismo (!!!).<br />
<br />
Acho um saco essa mania de ficar criando polêmica pra tudo - essa de dizer que o dia internacional da mulher é machismo, por exemplo - quando na verdade só não sabe quem não quer [se informar] que as mulheres estudam mais que os homens, trabalham mais e ganham menos, assumem as atividades da casa numa jornada tripla de trabalho. Isso não é se vitimizar, isso é um fato.<br />
<br />
São as mulheres quem correm com os filhos pro hospital quando eles estão doentes e se viram pra explicar pro chefe que criança tem febre de forma imprevisível. As mulheres ocupam menos cargos de liderança. São as mulheres que tem mais dificuldade de encontrar emprego porque, 'você sabe né, mulher engravida'. E pode até ser que isso não aconteça ao seu redor, ou pode até ser que você apenas ache que isso não acontece com você, mas todo mundo sabe [ou apenas aqueles que olham a sua volta] que o mundo não é o nosso umbiguinho. Sabemos bem que SP não é Brasil, sabemos bem que não temos problemas reais quando comparado a maioria desse mundão.<br />
<br />
Que nesse 8 de março a gente saiba que os elogios que recebemos pelo dia internacional da mulher refletem o caminho de muita gente que já lutou pela igualdade, mas que tem muito ainda pra ser feito. E que a gente tenha sempre em mente que somos responsáveis pelas pessoas que somos, pelos comentários que velamos, pelas respostas que calamos, e principalmente, pelos meninos e meninas que educamos ou educaremos.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvyO0kj4q-wnH2hyphenhyphen6aIfouwjVKx_InU4OuPb3zVa45W3-5OXwp2O1fpLmnZ8T4O7EFcRya0HFrEsHS4uEYokiJEi5JzKDOPxUuPKn5PB8BkHiviU1oDQxVWlIbpY47qol-7W6ijkF7ZKU/s1600/Menina.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="258" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvyO0kj4q-wnH2hyphenhyphen6aIfouwjVKx_InU4OuPb3zVa45W3-5OXwp2O1fpLmnZ8T4O7EFcRya0HFrEsHS4uEYokiJEi5JzKDOPxUuPKn5PB8BkHiviU1oDQxVWlIbpY47qol-7W6ijkF7ZKU/s400/Menina.png" width="400" /></a></div>
<br />
<br />
Foto: tirei de uma matéria do O Globo, que mostra NYC nesse dia internacional da mulher. Link:<br />
http://oglobo.globo.com/economia/dia-da-mulher-menina-destemida-colocada-junto-touro-de-wall-street-21029137Gabihttp://www.blogger.com/profile/16118245485340524623noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6074886037121060229.post-55298931949376937762017-03-06T19:13:00.001-03:002017-03-06T19:14:01.534-03:00Ansiedade<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-vCvmk4Uk4qDjMHWCV1sLl7yM_xy9keLPnxOdnRkgjOBRu36P35NxQH1wE8rtKvnpapQ_gYf0fiQliRt-oFhGeoWpN7wZKxeV2IL3a085L9bq_4YNdxf7vva2_GuM7C_MHJsfNtEZpfQ/s1600/terapia-ansiedade.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="148" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-vCvmk4Uk4qDjMHWCV1sLl7yM_xy9keLPnxOdnRkgjOBRu36P35NxQH1wE8rtKvnpapQ_gYf0fiQliRt-oFhGeoWpN7wZKxeV2IL3a085L9bq_4YNdxf7vva2_GuM7C_MHJsfNtEZpfQ/s320/terapia-ansiedade.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Imagem - Google Images</td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
É o que me faz estar pensando nesse texto desde 15/12/16 [sem conseguir escrever uma palavra por uns 60 dias] quando a Aline me sugeriu esse tema. Ansiedade é o que me toma por dentro quando vejo possibilidade de comprar um voo internacional que custa poucas milhas sem saber se vou poder tirar ferias - atualmente sem saber se vou estar trabalhando. É a sensação que antecede a primeira garfada em um almoço em que eu cozinhei para convidados. É o frio na barriga dos primeiros encontros.<br />
<br />
É a véspera da entrevista de emprego. É o momento anterior ao "publicar" um post por aqui...<br />
<br />
Acho que nasci ansiosa e por mais que eu controle bem melhor as emoções agora eu tenho plena consciência de que apenas disfarço melhor. Autoconhecimento é tudo, né?! Rsrsrs, nem vou tentar me enganar que a terapia funcionou completamente, que a respiração do yoga consegue me baixar a bola ou que correr uns 5, 6, 7, 8 ou 9km vão tranquilizar totalmente a pessoinha aqui. Talvez eu devesse voltar para as meia maratonas, será?!<br />
<br />
Basta o som do whatsapp apitar mais de duas vezes pra já me dar um siricutico interno. Quero muito saber o que está escrito ali. E na maioria das vezes é nada de demais, mas mesmo assim eu quero saber. Só piora se for um audio e estiver num ambiente que não posso ouvir.<br />
<br />
É quando a gente sente uma coisinha estranha no seio... E toca... Sente, toca de novo... Manda mensagem pra médica que diz pra gente ficar calma. É estar em pânico até o resultado do ultrassom sair e você descobrir que era apenas gordura. Ufa.<br />
<br />
Ansiedade é sofrer por antecipação. É não conseguir controlar os pensamentos. É não estar 100% no presente. É ler uma página inteira de um livro e não ter absorvido nada porque estava pensando em outra coisa.<br />
<br />
Ansiedade é achar que um pote de sorvete vai acalmar nosso coração, né Aline?<br />
<br />
A cada exemplo que cito fico pensando que há uma definição melhor que ansiedade pra isso, medo, angústia, sei lá.... A cada toque no teclado do meu computador, por mais que eu saiba que ansiedade me faz mal, eu começo a aceitar tudo isso. Enquanto escrevo eu vou ficando cada vez mais tranquila, porque penso em quão humanas são todas essas sensações e, eu praticamente me perdoo pelo sofrimento que me causo... Me entendo... E sei que muita gente vai me entender também porque tem coisas que simplesmente são assim, humanas.<br />
<br />
------------<br />
<br />
<span style="color: purple; font-family: "times" , "times new roman" , serif;">Eu poderia parar o texto ali no "humanas"... mas... Lá vem aquele toque de Gabriela insuportavelmente humana para finalizar a bagaça: </span><br />
<span style="color: purple; font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="color: purple; font-family: "times" , "times new roman" , serif;">E também me perdoo porque não tem nada mais chato que gente morna, estável, reta e sempre controlada. </span><br />
<span style="color: purple; font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="color: purple; font-family: "times" , "times new roman" , serif;">Claro que eu tinha que acabar com toda a elegância, né?! kkkkkk.</span>Gabihttp://www.blogger.com/profile/16118245485340524623noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6074886037121060229.post-87796677847824431072017-03-02T16:20:00.001-03:002017-03-02T16:24:26.366-03:00"é que não te dei um beijinho de boa noite..."Lembro como se fosse hoje do meu pai me dizendo pra que eu aproveitasse as minhas avós, porque eu sentiria falta delas - mal sabia ele que eu sentiria falta dele antes... mas vamos que vamos. Pensei nessa fala dele durante diversas vezes da minha vida. Tenho 35 anos, 2 avós e 1 avô.<br />
<br />
Tenho 35 anos e já sinto saudades de 2 avôs e 2 avós.<br />
<br />
Lavo a louça com os olhos cheios de lágrimas após uma conversa com a Faustina. Penso na vida dela, nessa rotina difícil de ter o marido numa cama depois de um avc. Penso como é ser a última irmã viva. Penso como é não se lembrar exatamente o que aconteceu na vida de cada irmão. Penso como é se sentir sozinha depois que a filha e os netos vão embora do fim de semana. Penso como é não conseguir dominar o corpo.<br />
<br />
Quebro um copo, e fico feliz por não ter sido uma taça de cristal, presente de casamento da Clementina, ufa. Recolho os cacos, e dou mais uma pensada na vida. Organizo a mesa do café da manhã. Volto pra sala e vejo minha avó rezando na cama com o meu avô. Tenho vontade de chorar, mas finjo que está tudo bem. Dou um beijinho nele, e subo.<br />
<br />
Ela vem devagarzinho na sequência, com dificuldade pra subir cada degrau. Dá um 'beijinho de boa noite' em mim e outro no Renato. Ela conta como a gente alegra o seu coração, porque a 'solidão mata'. Digo que fazemos muita bagunça isso sim. Disfarço.<br />
<br />
Me tranco no banheiro e esqueço que é terça de carnaval. Choro sem dó... Lavo o rosto. Choro. Escuto:<br />
<br />
"Bi?"<br />
<br />
respondo: oi, já to saindo<br />
<br />
"Tá, é que não te dei um beijinho de boa noite..."<br />
<br />
Ela esqueceu...<br />
<br />
Saio do banheiro escovando os dentes, pra disfarçar a minha cara de choro, entro no quarto da minha avó que não percebe a minha presença e também está escovando os seus dentes. Minutos depois ela se vira, me vê e diz:<br />
<br />
"também estava escovando os dentes, hehehe. Boa noite."<br />
<br />
respondo: boa noite vó, até amanhã.<br />
<br />
"até amanhã, se Deus quiser, dorme com os anjinhos"<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<br />
<br />Gabihttp://www.blogger.com/profile/16118245485340524623noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6074886037121060229.post-73496596311333498362017-02-22T14:07:00.000-03:002017-02-22T14:07:49.712-03:00Devaneios na vida de desempregadaFaz três meses que não estou trabalhando. Sempre pensei que ficaria entediada, que não teria assunto com as pessoas, ou que sentiria muita falta do trabalho. Não estou sentindo muita falta do trabalho. Não estou sentindo falta nenhuma na verdade, ainda. É provável que sinta um dia, mas estou tranquilinha esperando esse dia chegar. Sem contar a grana, né... Mas isso é papo pra outro post.<br />
<br />
Enquanto espero estou fazendo coisas simples como ler mais, cozinhar praticamente todos os dias, fazer compras de supermercado, voltei a fazer yoga, tenho ido a academia na hora que eu quero, e sim faço exatamente as mesmas aulas, porque eu simplesmente gosto. Também já encontrei diversos amigos pra por o papo em dia e já fiz muitos happy hours em que sou a primeira a chegar pra segurar a mesa. Passei uma tarde com a minha madrinha, e viajei para o interior na 5a a noite, olha que luxo!<br />
<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg88YjWVV4rLaHvVzgg4kjy9Fj-e3g6fO2Lp9ggzmCM-Fk4Ij2jtranNZdLkoUF7MPpobxV2-nPznYfHkP2-zJiMEQwzj6601Vt9rtMBV3dZZE0_Eyc1P96IEDXsWW02e2Vwj7c3x2qdI4/s1600/IMG_2185.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg88YjWVV4rLaHvVzgg4kjy9Fj-e3g6fO2Lp9ggzmCM-Fk4Ij2jtranNZdLkoUF7MPpobxV2-nPznYfHkP2-zJiMEQwzj6601Vt9rtMBV3dZZE0_Eyc1P96IEDXsWW02e2Vwj7c3x2qdI4/s400/IMG_2185.JPG" width="300" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Praia do Boqueirão - Santos</td></tr>
</tbody></table>
Passei uns dias em Santos com a minha avó. Finalmente mudei meu plano de celular pra um mais barato, doei muitas roupas, arrumei os armários, consigo ler as mensagens dos grupos de whatsapp, mas continuo deletando praticamente todos os e-mails promocionais que recebo. Já assisti La La Land, e Sing às 16h, rodeada de crianças. Tomei sol. Continuo acordando praticamente no mesmo horário, mas faço tudo com mais calma, menos quando tem yoga às 9h...<br />
<br />
Não fiz todos os programas culturais que eu queria. Nem toda a ginástica que eu imaginava. Também não fiz os contatos profissionais que eu tinha pensado que faria. Planejamento na vida, como nos negócios é uma coisa que temos que ter consciência: falha. <br />
<br />
Tenho muito tempo livre? Tenho. Vejo programas repetidos? Vejo. Tem espaço pra trabalhar? Tem. Mas será que precisa ser nesse molde escritório, das 8h as 17h? Precisam ser 8h por dia? Precisa ser todos os dias da semana? Precisa não ver o por do sol nunca porque está enfiado no escritório? Precisa pagar sempre as passagens mais caras pra estar sempre a postos no horário comercial?<br />
<br />
Tenho me questionado muito sobre isso nesse período. Queria saber quais são as outras formas de trabalho. Please, me ajudem. Rsrsrs. Sério, quem puder compartilha esse texto, me responde nos comentários, me manda um whatsapp.... Quero muito conseguir manter as pequenas coisas importantes na minha vida.<br />
<br />
Tks!<br />
<br />
<br />Gabihttp://www.blogger.com/profile/16118245485340524623noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6074886037121060229.post-32308600878808512922017-01-26T10:27:00.000-02:002017-01-26T10:27:59.713-02:00Num mundo onde é preciso ter opinião a agressão tá mandando verEu cresci ouvindo dos meus pais "porque não" não é resposta. Sempre que não podia alguma coisa havia uma razão. Tinha motivo pra não dormir na casa dos amigos, tinha motivo pra não ficar até o fim daquela balada. Tinha motivo pra fazer aula de natação. Quem tem mãe professora de matemática tem racional nessa vida. rsrsrs.<br />
<br />
Sempre observei gente interessante e inteligente e quase como um instinto natural procurei me informar sobre o que essas pessoas diziam, ler o que essas pessoas liam, abrir a minha cabeça. E isso foi aumentando ainda mais essa minha característica de buscar fundamento nas coisas... Sempre preferi observar e falar quando tenho mais certeza.<br />
<br />
To aqui escrevendo e pensando como o mundo se coloca hoje. Como as pessoas vomitam hoje em dia. Fico pensando que faltou aprender com as vaquinhas... Faltou ruminar o assunto. Faltou pensar, refletir, entender o racional. Falta tanta sensibilidade pra expor os pensamentos que as pessoas sequer notam como agridem gratuitamente os outros. Os outros que em teoria são seus amigos, conhecidos, parentes, seja lá o que for, são pessoas.<br />
<br />
Não sei o que falta... Não sei se é ler mais pra saber se colocar melhor, e to falando de usar palavras mais adequadas. Não sei se falta o que fazer. Não sei se falta compaixão, se colocar no lugar do outro mesmo. Ou será que falta humildade pra entender que nem todo mundo precisa concordar? Ou será que a pessoa que agride é só atrapalhada mesmo? Será que é só a forma de colocar isso pra fora? Talvez no fundo essas pessoas sejam ótimas, mas só não saibam se expressar. Será?<br />
<br />
Me falta paciência... Me dá uma preguiça... E com 35 anos de idade eu fico pensando em como tirar tudo isso da minha vida sem parecer grossa. Porque eu penso em não ser indelicada com as pessoas... E me questiono se quando eu for mais velha vou ter mais coragem e ser digamos, mais definitiva.<br />
<br />
E por que eu to falando tudo isso? Porque eu sou a favor da redução das velocidades. Isso é porque eu sou a favor das vidas. Sou a favor da redução de acidentes. Sou a favor dos motoqueiros (também) sim. Prefiro todos os motoqueiros vivos, prefiro que eles tenham os dois braços e as duas pernas. Prefiro que eles tenham as vértebras todas bonitinhas. Prefiro que eles não caiam, mesmo ouvindo argumentos de que alguns arrancam os retrovisores dos carros. Mas ok, também tenho amigos muito chatos. Isso é estatístico, acontece com todo mundo, em todos os lugares.<br />
<br />
<i>[E ok se você concorda com o aumento da velocidade porque você quer chegar mais rápido no trabalho, ou porque vai dormir um pouco mais, ou porque acredita e verifica que mudou muito o tempo do seu percurso. Não vamos brigar por isso, ok?]</i><br />
<br />
E por que mais eu to falando isso? Porque eu sou contra passar tinta cinza nos grafites. Porque eu acho grafite bonito. Porque eu gosto das cores e eu fotografo os grafites sempre que posso. Porque eu comecei a dar atenção a eles quando fui a Berlin, com amigos desses interessantes que mencionei acima que são relevantes pra mim. Amigos esses que me fizeram querer olhar as coisas de outra forma. E passei a ver essa arte. E passei a entender isso como uma expressão, e porque eu sou libriana e gosto de coisas belas. E o que é belo pra mim não precisa ser belo pro outro.<br />
<br />
<i>[E ok se você acha feio. Eu também não entendo muita arte de museu. </i><br />
<i>E nem preciso citar o fato de haver um projeto para a arte na av. 23 de maio, porque não é esse o MEU motivo. </i><br />
<i>E sim, eu uso meu iPhone pra fotografar. </i><br />
<i>E sim eu fiz mochilão quando eu tinha 20 e poucos anos. </i><br />
<i>Quase posso sentir o cheiro de rótulos em fabricação]</i><br />
<br />
E por que mais eu to falando isso? Porque eu queria muito que todo mundo lesse e refletisse, e pelo menos não agredisse mais os outros com palavras mal colocadas, com pensamentos arrogantes. E pra admitir que por mais que eu tente eu não consigo, não quero, não vou me colocar no lugar dessa turma - que é de direita, e de esquerda - que agride.<br />
<i><br /></i>
<i>[Não apaguei ninguém do meu facebook, apenas parei de ver as publicações. Como eu disse, não quero parecer grossa com ninguém, mas não quero sobretudo me expor a certas grosserias].</i><br />
<br />Gabihttp://www.blogger.com/profile/16118245485340524623noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6074886037121060229.post-2209630934693361152017-01-24T11:12:00.000-02:002017-01-24T15:58:06.773-02:00Apaixonar-se ou não? Eis a questão<span style="background-color: white; color: #222222; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 13px;"><b>[texto de uma amiga que preferiu não se identificar]</b></span><br />
<span style="background-color: white; color: #222222; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 13px;"><br /></span>
<span style="background-color: white; color: #222222; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 13px;">Uma vez um amigo me disse que sou muito coração aberto. Ele se referia a quão fácil eu me apaixonava pelas pessoas. Sim, pelos homens (que ainda são minha preferência) e também pelas pessoas em geral (também sou apaixonada pelas minhas amigas, amigos e família).</span><br />
<span style="background-color: white;"><br style="color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;" /></span><span style="background-color: white; color: #222222; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 13px;">No mundo de hoje quem se apaixona, se entrega muito fácil, se machuca mais. Engraçado como as coisas são... Ser verdadeiro e honesto sobre seus sentimentos deveria ser algo "normal", mas hoje o que mais tenho visto são os jogos de amor; estratégias para mostrar para o outro que você não se importa.</span><br />
<span style="background-color: white;"><br style="color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;" /></span><span style="background-color: white; color: #222222; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 13px;">Vejo amigas se remoendo pra não escrever uma mensagem para o cara que estão apaixonadas porque entendem que se fazem isso estarão mostrando demais seus sentimentos.</span><br />
<span style="background-color: white; color: #222222; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 13px;">Que coisa doida...</span><br />
<span style="background-color: white;"><br style="color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;" /></span><span style="background-color: white; color: #222222; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 13px;">Claro que acho que deve haver reciprocidade, ninguém vai ficar se declarando para alguém que não sente algo ao menos parecido, mas ainda assim percebo esses jogos de amor.</span><br />
<span style="background-color: white;"><br style="color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;" /></span><span style="background-color: white; color: #222222; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 13px;">Sou uma pessoa intensa de carteirinha, ainda sonho com o amor espontâneo e verdadeiro apesar de conhecer os dissabores que isso causa.</span><br />
<span style="background-color: white;"><br style="color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13px;" /></span><span style="background-color: white; color: #222222; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 13px;">Tem uma frase do filme O fabuloso destino de Amelie Poulan que me identifico e diz muito sobre o momento atual e meu jeito de ser: "<i>são tempos difíceis para os sonhadores...</i>"</span><br />
<span style="background-color: white; color: #222222; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 13px;"><br /></span>
<span style="background-color: white; color: #222222; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 13px;"><br /></span>Gabihttp://www.blogger.com/profile/16118245485340524623noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6074886037121060229.post-57369862899830220882017-01-10T23:47:00.000-02:002017-01-10T23:47:10.153-02:00Delícias deliciosas da vidaDas delícias mais deliciosas da vida está encontrar as amigas. Se fizer 27 graus em São Paulo numa noite de janeiro ali no Itaim então... Se tiver um gin tônica no copo certo, na dose certa com schweppes, com tanqueray e com muita risada então...<br />
<br />
Pode ser que tenha pernilongos, e que não tenha repelente no bar. Pode ser que não disponibilizem o carregador pro celular. Pode ser que uma amiga esteja num curso e a outra em uma viagem. Pode ser que uma demore mais pra chegar... Mas estar entre amigas é sempre tão bom. E a ausência de uma ou outra faz a gente querer marcar mais. E querer é poder pra essa mulherada boa.<br />
<br />
Das delícias mais deliciosas da vida estão as pequenas coisas. Os assuntos corriqueiros que só trazem pertencimento. As mesmas dúvidas, as mesmas aflições, diferentes pontos de vista pra criar um novo ponto de vista. Mudar de ideia, reforçar a ideia, misturar os assuntos, criar conversas paralelas...<br />
<br />
Das delícias mais deliciosas da vida: me manda a foto... também quero... tá no seu celular... beleza, quando eu tiver bateria eu mando... vamos marcar mais... me manda aquele contato... foi ótimo.... me lembra de enviar aquele e-mail amanhã... vamos marcar semana que vem de novo.... vamos sim, foi muito bom.... vamos marcar mais.... vamos!!!!Gabihttp://www.blogger.com/profile/16118245485340524623noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6074886037121060229.post-51461395866870249012016-12-13T19:42:00.000-02:002016-12-13T19:42:07.815-02:00Sobre banheiros e mulheresEu tenho uma enorme simpatia por banheiros que possuem protetor de assento. Me dá uma felicidadezinha quando eu vejo aquele papel dobrado prontinho para ser chacoalhado e ser colocado suavemente na tampa do vaso sanitário. Ok, eles costumam ser meio leves demais, e voam com facilidade, e as vezes acabam caindo dentro do vaso, mas da vida, ainda assim prefiro um milhão de vezes esses queridos papeis impermeáveis a ter que ficar avaliando onde estou, que tipo de banheiro é esse, e em que condição higiênica está o tal local. Eu sempre faço essas análises, mas quando tem o protetor de assento meio que tanto faz tudo isso. Meio que... Rsrsrs. Melhor que isso só se tiver aquele spray com álcool. Sério, é muita alegria protetor de assento e spray de álcool. E pra ser o melhor lugar do mundo tem também fio dental e enxaguante bucal. Pronto, é o céu dos banheiros.<br />
<br />
Fico sempre pensando que um local que oferece o protetor de assento só pode ser um lugar mais legal, mais preocupado com as mulheres, que se colocam no lugar do outro, e que é administrado por uma mulher, várias coisas bacanas passam pela minha cabeça, sério! Tenho certeza que outras mulheres também sentem isso... Mas também tenho certeza que tem outras que estão cagando e andando, nessa caso - odeio essa palavra, tipo odeio mesmo - mijando e andando, porque na boa... Não consigo entender como foram educadas pelo amor de deus!<br />
<br />
Outro dia fui a um bar no Itaim e ao ir ao banheiro já dei de cara com aquele monte de protetor te assento. Que alegria. Pois é tinha um monte porque aparentemente nenhuma mulher tinha usado nenhum deles. Que raiva. E pra piorar essas mulheres trabalhadoras, bem educadas e independentes, que curtiam o seu happy hour estavam fazendo exatamente o que sempre reclamamos dos homens: elas não levantavam a porra da tampa! E estava tudo mijado. Tipo tudo!<br />
<br />
Silêncio...<br />
<br />
Silêncio!!!! O que dizer disso???? Não consigo nem falar porque já esgotei o vocabulário zoado permitido para os meus posts. Silêncio pra não falar mais merda.<br />
<br />
Outro dia eu fui ao parque do Ibirapuera correr e precisei fazer xixi antes de começar... Ao entrar no banheiro pensei: saco, vou ficar com mais dor nas coxas de ter que ficar aqui nessa isometria de agachamento do que correndo.<br />
<br />
Pois é... Deve ser falta de academia, né? A mulherada deve achar uma ótima oportunidade de trabalhar as coxas ali no banheiro do bar, entre uma cerveja e outra. Não é falta de educação, de respeito ao próximo... Não é porquice... É só vontade de ficar sarada! Só pode ser.<br />
<br />
<br />Gabihttp://www.blogger.com/profile/16118245485340524623noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6074886037121060229.post-6540994567174074242016-11-26T17:28:00.000-02:002016-11-26T17:28:07.072-02:00Do lado de dentroEu fiz as contas: foram 6200 dias com ele, e outros 6500 sem ele. Quando meu pai morreu me lembro de alguém me dizer que um dia, no futuro, eu perceberia que eu já tinha vivido mais tempo sem ele do que com ele. Não tenho certeza se foi a Celinha ou Angela, que também perderam o pai cedo, com a mesma idade que eu e a Rafa. Isso me marcou muito e esse dia chegou...<br />
<br />
Mais da metade da minha vida sem o meu pai. Acho impressionante como eu não sinto isso. E não é que eu não sinto falta, que eu não tenho saudade, ou qualquer coisa do gênero. É que pra mim ele está aqui, do lado de dentro. Meu pai tem um lugar na minha vida que não é a morte, essa enorme bobagem - parafraseando a Milly Lacombe - que vai tirar ele mim. Não sei quantos dias foram necessários para que a tristeza virasse saudade boa. Admito que tem dias que só tem saudade ruim. Saudade que dói. Mas são poucos dias. Os dias bons, que são maioria na minha vida tem sempre meu pai por perto.<br />
<br />
Sou sempre inundada por boas lembranças, boas risadas. Faz mais de 6500 dias que não vejo o meu pai e nada disso me deixa esquecer a voz dele, os olhinhos verdes meio esmagadinhos, o cheiro do perfume e do jeito de buzinar. Lembro direitinho da mão dele, do pé 43 pedindo massagem, da quantidade de cerveja pra fazer ele feliz - muita, sempre.<br />
<br />
Aqui em mim tem tanta coisa... A pele bronzeada que me destaca no verão, a neurose pelo cabelo penteado, o gênio forte, a assertividade que quase vira grosseria, a mania de querer liderar - pra não dizer mandar - em casa.<br />
<br />
Toda vez nessa vida que eu sentir cheiro de carvão que acabou de ser aceso vou lembrar do meu pai. Sempre que uma costela sair da churrasqueira eu vou voltar lá pra vila cruzeiro naquelas tardes de GP do Brasil. Sempre que eu vir bolas de basquete, sempre que eu exagerar na quantidade de comida, ou toda vez que vir um parmesão inteiro eu vou lembrar dele. Toda vez que vejo uma árvore de primavera florida ele vai sorrir em mim.<br />
<br />
Não é preciso muito tempo pra isso. Não é preciso foto. Não é preciso ser dia 09 de maio ou 09 de dezembro... Simplesmente é assim, é aqui... Do lado de dentro.<br />
<br />Gabihttp://www.blogger.com/profile/16118245485340524623noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6074886037121060229.post-32975042738469612822016-11-24T00:08:00.000-02:002016-11-24T00:08:00.552-02:00Baguncinha...<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgkKQshMgF2byQmDv5bpD-gYekxIHJy_LVQJT4W-vONRXeEwgmZxfurXOwQIyPyUHdDqM3MhAQdG5xvzuAMZB_xLvleJ_GLu01pAf_6-nHKsA58CgD8fAvfwmWJjJ7FB5eyPnUiqYts9sw/s1600/IMG_0739.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgkKQshMgF2byQmDv5bpD-gYekxIHJy_LVQJT4W-vONRXeEwgmZxfurXOwQIyPyUHdDqM3MhAQdG5xvzuAMZB_xLvleJ_GLu01pAf_6-nHKsA58CgD8fAvfwmWJjJ7FB5eyPnUiqYts9sw/s320/IMG_0739.JPG" width="240" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-autospace: none;">
<span lang="EN-US" style="color: black;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Acordei e fotografei o relógio cuco que marcava pouco mais de oito
horas. Eu poderia escrever um texto sobre aquele cuco lindo, que foi do avô do
meu marido. Eu poderia escrever sobre como ele realmente toca a cada meia hora,
e dizer que eventualmente me acorda, e
que não me deixa ler tranquila no sofá, tic tac, tic tac...<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-autospace: none;">
<span lang="EN-US" style="color: black;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Na sequência fotografei a mesa do café da manhã que estava posta desde a noite anterior. Também poderia escrever
um texto sobre isso. Poderia falar sobre como eu adoro adiantar as coisas ou como adoro café da manhã e o que ele me representa. Tomar café da manhã todo dia com o marido me dá a sensação de comercial de margarina, parece vida perfeita, e é bom começar o dia com essa energia, mesmo sabendo do número de cliques necessários para fazer a fotografia - que nem perfeita fica. Imagina a vida, né?<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-autospace: none;">
<span lang="EN-US" style="color: black;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Mas na foto da mesa do café insistia em aparecer uma baguncinha,
imperfeita. Ali no cantinho, quase escapando pelo lado direito tinha uma
confusão. Eram papéis, livros, canetas, fones de ouvido, post its. Bloquinhos
de notas, segunda via do cartão de crédito, caixa de óculos e cartões de
visita. Insisti no prato de sobremesa e na xícara de chá. Mas não adiantava, a
bagunça estava ali. E estava aqui, em mim.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-autospace: none;">
<span lang="EN-US" style="color: black;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Era terça feira 08/11/16, dia que antecederia a minha demissão na
empresa que trabalhei nos últimos quatro anos. Sim, eu já estava pressentindo. Sou
dessas que lê os sinais, nesse caso bem escancarados... Ano difícil, sequência
de demissões, rádio peão... Menos trabalho... Mais que isso, menos
envolvimento, menos empolgação, menos coração, menos amigos, menos vida...<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-autospace: none;">
<span lang="EN-US" style="color: black;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">A baguncinha no canto direito da foto era a baguncinha que eu queria
passar por cima, ou que eu havia deixado pra trás no ano de 2016. Foi um ciclo
que foi terminando, no gerúndio mesmo. Uma vida feliz que foi perdendo as
pessoas que faziam sentido pra mim. Foi perdendo o desafio e foi se tornando
resiliência, preguiça, dor de estômago, alergia.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-autospace: none;">
<span lang="EN-US" style="color: black;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">A baguncinha foi sendo capturada nos últimos 3 dias aos poucos, sem
querer chamar muita atenção... Pega um livro daqui, outro dali. Verifica uns
papéis, separa os objetos pessoais. Enfia tudo na mochila da academia e vai pra
casa. Faz tudo de novo no dia seguinte, de forma a não ter que carregar nada de
volta no fatídico possível dia da demissão.<o:p></o:p></span></span></div>
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<br /></div>
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<span lang="EN-US" style="color: black;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">No dia 09/11/16 deixei o meu trabalho mais sexy. De volta em casa peguei
toda a baguncinha que estava sobre a mesa, acumulada nos últimos dias, e
transferi para a cadeira, e parei de enxergar tudo aquilo. Não me despedi, não
mandei meu e-mail com meus contatos, eu simplesmente sai pra fazer meu
demissional. Mas a baguncinha ainda estava aqui.<o:p></o:p></span></span></div>
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<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-autospace: none;">
<span lang="EN-US" style="color: black;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">A querida start up que comecei a trabalhar há 4 anos não é
mais a mesma. Faz tempo. Tinha virado pra mim um trabalho normal... Tinha
deixado de ser um sonho. Tem coisa mais sonho que os ventos que geram energia?
Pode existir um trabalho mais legal do que uma empresa de geração de energia
renovável criada por dois amigos, e onde todo mundo é jovem e interessante?
Onde tem fruta cortadinha no meio da tarde e o presidente sabe o nome de todos?
Onde a academia é um benefício e os mandamentos poderiam ter sido escritos por
você? Pois é... Por três anos foi nesse lugar que eu trabalhei. E fui realmente
feliz. E dizia com o maior orgulho do mundo "trabalho numa empresa de
geração de energia renovável", e com a mesma felicidade me empolgava nas
reuniões semanais com o presidente, e até achava descolado o perrengue que era
chegar no semi árido baiano e ver a operação dos parques eólicos. Adorava ter
muitas curtidas no meu instagram onde eu aparecia menor do que já sou em meio a
tantos aerogeradores monstruosos. Aquilo era a perfeição pra mim. Ter
perspectiva sempre me fascinou. Como é bom saber o nosso tamanho real. Como é
bom ter a noção de não ser quase nada. Como é bom saber da nossa pequenez. Como
é bom saber que a vida acontece no campo, na obra, na operação. E dentro dessa
perspectiva onde eu sempre fui pequena eu tinha um orgulho enorme de pertencer
aquilo tudo.<o:p></o:p></span></span></div>
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<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-autospace: none;">
<span lang="EN-US" style="color: black;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">No último ano não fui a Caetité nem a Salvador . No último ano a maioria
das pessoas interessantes saíram ou foram saídas, e deixaram pouco a pouco um
buraco em mim... E foi acontecendo com uma frequência tão grande que eu já não
sentia mais... Já não me importava mais - com a ausência - porque sabia que
quem eu quisesse por perto eu manteria. Já não havia mais a mesma quantidade de
trocas relevantes, já não havia mais cafés animados, já não havia ideias
mirabolantes, nem reuniões atrasadas, já não havia mais a Renova.... Já não
havia mais a Gabi do Planejamento Estratégico... Havia uma saudade, um pesar,
uma angústia. Dor de estômago, alergia.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-autospace: none;">
<span lang="EN-US" style="color: black;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">No dia 09/11 eu não derrubei nenhuma lágrima. Minhas gavetas estavam
organizadas. Meu back up estava feito. Eu já não trabalhava mais na Renova
Energia e estava tudo bem.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-autospace: none;">
<span lang="EN-US" style="color: black;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">O cuco continua no seu tic tac, tic tac. Agora ele marca 23:45 da sexta
18/11. Estou sentada à mesa que já está arrumada para o café da manhã do
sábado. Ainda tem uma taça de vinho que restou do jantar e que me acompanha até
o final desse texto. E assim a vida segue, um ciclo termina e as vezes dói,
mesmo quando a gente não quer olhar, e as vezes demora pra passar, mas sei que um
outro ciclo vai chegar, assim que toda a baguncinha estiver devidamente
organizada e eu pronta pra próxima.<span style="font-size: 16pt;"><o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-autospace: none;">
<br /></div>
------<br />
<br />
As fotos mencionadas se referem a uma lição de casa de um curso que estava fazendo na The School of Life. Eu achava que a foto seria mostrada no curso, ou que eu teria necessariamente que escrever sobre elas, então fui criando racionais para cada clique (quem me conhece sabe o tanto que eu adoro um racional).<br />
<br />
Apesar do meu pesar, da dor de estômago, e da alergia eu sempre me importei com o negócio, aliás, essa minha resiliência não me deixa largar o osso, eu não teria desistido sozinha....<br />
<br />
Não chorei ao sair da Renova, mas me deu um nó na garganta escrever esse texto que, será mostrado primeiro pra professora do curso que estou fazendo que se chama "como se encontrar na escrita". Cá estou tentando me encontrar, como sempre, como boa libriana. ;-)<br />
<br />
<br />Gabihttp://www.blogger.com/profile/16118245485340524623noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6074886037121060229.post-34983061470906618492016-11-10T22:15:00.000-02:002016-11-10T22:15:42.616-02:00A expectativa nossa de cada diaA primeira vez que eu abri um coco foi uma experiência intensa, trabalhosa, chata. A ideia inicial era comprar um coco na feira e já ter a sorte de pegar um saquinho cheio de quadradinhos branquinhos lindos. Mas quem acorda tarde e chega no fim da feira não acha mais o vendedor de cocos... O que me restou foi comprar no supermercado mesmo. Coco comprado, fui abrir a querida e deliciosa fruta. Peguei uma faca e tentei martelar o coco, tipo como se eu tivesse fazendo uma escultura, ou uma reforma numa parede, não sei bem, rsrsrs. Nada... Nem sinal da casca do coco se abalar.<br />
<br />
Dei um google... Vi um video... Descobri que o ideal mesmo era segurar o coco com uma mão e com a outra ir martelando ele (sim, com um martelo da caixa de ferramentas) em toda a sua extensão. Uma hora ele racha. A água vai caindo toda e por mais que eu quisesse aproveitar tudinho, a casca do coco vai sujando a água que cai de dentro, porque sua mão já está cheia de casca, e ai vira uma lambança, e eu tive aflição de tomar aquele líquido. Depois de aberto a instrução do vídeo era enfiar a faca na poupa da fruta e dar uma viradinha até que ela se soltasse da casca. Tchanammm, e assim foi. Mas tipo, precisa fazer isso umas 20 vezes, ou mais, porque os pedaços não se soltam facilmente. E demora.... E demora... Mas eu estava em busca do meu lanchinho ideal para o meio da tarde, ou para as minhas fomes da madrugada, e todo esforço valeria a pena. Sim, eu to sempre na dieta... Sim, eu ainda preciso de dieta. E considerando o tanto que eu gosto de comer eu vou precisar de dieta pra todo sempre, amém, rsrsrs. Coloquei o coco no freezer e admito que no fim eu até fiquei economizando os últimos pedaços só de preguiça de abrir outro coco...<br />
<br />
<b>NY no inverno</b><br />
<br />
Quando voltei a NY quase 20 anos depois da primeira vez que estive lá com meus pais eu estava muito preparada para dias frios. Tão preparada que eu estava mal humorada antes de embarcar - ok, isso acontece em várias situações da minha vida. Eu tinha certeza que nem seria tão legal assim, afinal de contas, quem pode ser feliz com temperaturas negativas? Como alguém é feliz tendo que pegar emprestado casaco de neve? Por que estava fazendo tanto frio em março? Vou aparecer em todas as fotos com a mesma roupa... Entre outras preocupações e chatices.<br />
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Só que foram dias deliciosamente gelados. Numa cidade apaixonantemente linda, com suas árvores peladas, e seus ambientes aquecidos.<br />
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Foi demais mesmo, e apesar do fato de eu ter certeza que NY é foda fodástica, eu sei que o fato de eu estar com a expectativa baixa ajudou muito pra que essa viagem fosse tão legal.<br />
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<b>De volta ao coco....</b><br />
<br />
Hoje eu abri outro coco. Ele estava na minha fruteira há 2 semanas. Eu olhava pra ele e pensava: pqp vou ter que abrir esse coco. Deixava passar um dia, achava que ia estragar, deixava pro fim de semana, deixava pro dia que a faxineira viesse... Bom, hoje eu abri o coco. Peguei o martelo, separei um bowl pra escorrer a água. Faquinha pra tirar a poupa. Espirra daqui, espirra dali, eu abri o coco, separei nos potinhos, pus aqueles pedacinhos gordurosos e brancos no freezer e pareceu tão rápido. Missão cumprida. Achei tão de boa dessa vez.<br />
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Tenho certeza que não criei nenhuma técnica sensacional de abrir cocos, portanto só posso acreditar que a expectativa nesse caso também influenciou, e muito, a minha sensação de missão cumprida.<br />
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E aí é isso né... O tanto de expectativa que um "serumaninho" é capaz de criar é uma coisa louca. Eu poderia citar um milhão de exemplos em que a expectativa ferra com tudo, mas vou me limitar a só mais um exemplinho da vida da maioria das pessoas: a expectativa em relação ao outro. Não sei de onde nasce isso, se é uma vontade louca de ser validado, se é um querer de conto de fadas, se é um 'se achar mais importante que o resto do mundo', se é colocar no outro uma importância maior que ela tem (escrevendo aqui e agora acho muito que pode ser isso), mas o fato é que eu já vivi (e vivo) muito isso, e tenho amigos que já viveram, e todos vamos continuar vivendo.... Expectativas em relação a relacionamento amoroso, amizade, emprego, tipo tudo, tudo que tem gente envolvida rsrsrs.<br />
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Refletindo sobre esse tema depois de um happy hour com uma amiga acho que ainda vou precisar de alguns anos de terapia pra relativizar as coisas. Sim, relativizar. Dar o tamanho certo pra cada tema da vida. Pra entender que demorar mais 5 ou 10 minutos pra abrir um coco não vai acabar com a minha programação do fim de semana. Entender que hoje em dia as pessoas mandam recados no facebook no dia do aniversário, em vez de ligar como se fazia há anos, e que tá tudo certo - algumas pessoas ainda ligam, mandam mensagens lindas, gravam audios e me emocionam verdadeiramente. Entender que o trabalho é um contrato de prestação de serviço, e ele pode acabar. Entender que não é todo mundo que está interessado em namorar. Entender que até o amigo mais legal tem dias ruins. São tantos exemplos, mas acho que no fim das contas, o mais difícil ainda é entender o tamanho verdadeiro que o outro, ou a coisa, tem na nossa vida. Verdadeiro, não o que imaginamos que eles tem. Ou o mais difícil seria saber o nosso tamanho verdadeiro? Como eu digo de vez em quando: vou precisar de umas duas ou três vidas pra chegar a essa conclusão.<br />
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<br />Gabihttp://www.blogger.com/profile/16118245485340524623noreply@blogger.com0