Eu já quis transformar a minha vida numa planilha. Nunca fui magra e sarada, sempre, todos os dias da minha vida eu quis ter 14% de gordura (aquele da balança maledeta). Houve momentos em que pensava que só vivendo numa planilha de treinos e dieta eu alcançaria isso e seria muito feliz. Há. Hoje eu tenho certeza que 14% pra mim é só assim mesmo - excluindo doença, distúrbio alimentar, etc. Hoje eu continuo querendo 14% de gordura, mas quero mais ser feliz e leve, leve no sentido figurado também.
Ser leve no lidar com as coisas, na altura do salto e na tolerância com as pessoas. Quero ser mais leve com o meu sono que teima em durar 9 demoradas horas e não está querendo correr cedo no parque antes do solzão. Por que não o final do dia? Com o sol caindo e a dama da noite soltando seu perfume ali na curvinha do Severo Gomes.
Quero ser mais suave com a agenda que não se concretiza, quero cantar bem alto a música favorita da época e cagar pro trânsito bizarro de São Paulo. Quero querer ficar sem beber por 1 mês e quero pegar leve comigo quando me render a um ou dois drinks que sempre terminam mais felizes do que começaram.
Hoje eu quero muito internalizar que eu posso gostar de Pink Floyd, Tom Jobim, Dave Matthews Band e que tá tudo bem se eu dançar "Deu onda" [kkkkk, me julguem]. E eu vou continuar defendendo a Bela Gil e suas receitas com tofu e grão de bico. E vou continuar sabendo do tanto que a criação de gado de corte é responsável pelo efeito estufa, mas também vou comer um hamburger sangrando, porque adoro, e eu respeito aquele boi que virou alimento pra mim.
Acho que com 35 anos, e querendo os 14% de gordura estou entendendo que dá pra ter uma vida mais equilibrada. Dá pra ser mais de uma pessoa, graças a Deus! Dá pra querer trabalhar menos e mesmo assim ser muito comprometida. Dá pra ser casada e continuar se divertindo muito com os amigos [com e sem o marido]. Dá pra ser raiz e Nutella. Dá pra buscar os 14% de gordura sendo chata e velha de 2a a 5a, e pinguça e jovem de 6a a domingo. Ainda bem!
Post inpira na Fe de quem eu praticamente parafraseei a penúltima frase.
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