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segunda-feira, 29 de julho de 2013

Tudo junto e misturado

Escrito em 26/07/13 dentro do avião de Vitória da Conquista BA para São Paulo SP.

Acabo de ler um livro que achei chato na real. Talvez eu não esteja no momento certo, ou a altura do livro, mas não concordei com muitas coisas e outras, e outras logicamente que fizeram sentido, ainda assim dadas as devidas proporções.

O livro se chama Amor Líquido e num determinado momento o autor fala sobre as linhas invisíveis que existem na sociedade. Como o medo, o pré conceito foi afastando cada vez mais as pessoas, etc e tal. Concordo! Condomínios, seguranças, carros blindados, uma forma de tentar mudar o mundo real em que as pessoas "perigosas" foram efetivamente excluídas, ou teriam as pessoas dos condomínios se excluído nas suas mini clausuras? Tema pra outro post, não é esse o objetivo. Eu e essa minha mania de contextualizar.

Num contexto bem mais leve mas ainda com um "que"de pré conceito me encontro a uma ida a Caetité,  agreste baiano onde ficam os parques eólicos da Renova - empresa onde trabalho. Chegar lá é um perrengue porque não tem aeroporto, mas ok, a cidade dos meus pais também não tem, na que a minha avó paterna mora só tem 1 vôo saindo de Campinas, enfim... Convivo com isso normal até... Notaram o "até"?

Mas o que me pegou nisso tudo foi o fato de eu me pegar pensando "Cara, que zona! Isso aqui parece uma rodoviária!". Realmente o aeroporto de Confins estava lotado, bagunçado, em obras pra melhorar - e isso é pro bem futuro e pro desespero atual. Fato é que eu, euzinha que tenho origens do interior, cidade com 20 mil habitantes. Eu que sempre fui de ônibus pra Santos, pra Anastácio... Eu que sou do interior praticamente porque só nasci em São Paulo e nunca morei em bairro chique. Sempre fui exposta a situações diferentes da minha vida, pro pior, pelo meu pai, que sempre quis nos mostrar o que era a vida de verdade, algo perto do que ele viveu na infância. Dificuldade, trabalhar desde cedo. Meu pai que viu o mar pela primeira vez depois de adulto. Eu que vim de uma família em que meus avós não tem saudades da infância porque as lembranças não ou eram (Sebastian) das melhores.

Muito diferente dos meu pais eu estudei em colégio particular, fiz Cultura Inglesa, conheci a Disney. Eu que sou neta de três avós que não tem ensino superior, dois deles acho que nem o antigo colegial tiveram... Eu, Gabriela, me pego pensando na rodoviária e como se não bastasse analisando as pessoas.

As tais pessoas que pra mim pareciam fazer sua primeira viagem. Roupas mais arrumadinhas e todas fresquinhas (deve ser primeira viagem, faz um frio do cão no avião), sapatos de salto, teve uma menininha até que usava um sapato maior que seu pézinho. Tinham aquela cara de orgulho por estarem voando pela primeira vez (acho eu) e apreensivas também. Nervoso pra passar no raio x, tira o cinto, passa de novo, apita, tira o sapato, passa de novo. Ufa... Era o sapato....

Me lembrei de quando a minha mão foi encontrar meu pai em Londres há mais de 20 anos.. Toda bem vestida, me lembro da roupa que ela vestia, cabelo recém cortado - também pra agradar meu pai - toda bonitinha pra sua ida à Europa. Ou seja, exatamente a mesma situação, só que essas pessoas a quem me referi aparentemente eram de "outra classe social". E daí?! E que classe social éramos nós naquela época? Não tenho ideia. Me senti mal.

É que nem ir à praia e reclamar da farofa, leia-se gente feia, leia-se gente que não tem grana e traz cerveja no isopor, sanduíche, etc e tal. "Ah, porque antes aqui era mais bem frequentado". Aham... Nós levávamos tudo isso pra praia, guarda sol, cadeira, baldinho. Inconsistência terrível. Todo mundo sai às ruas querendo menos desigualdade e eu (e eu sei que outras pessoas se identificam com isso) reclamo "isso hoje parece uma rodoviária", ou "ai que povo feio". E daí?

Tudo isso pra dizer que tive vergonha dos meus pensamentos, que acho graça quando fazem umas perguntinhas fofas "moça posso colocar minha bagagem de mão longe do meu assento?" ou quando vejo todo mundo alinhado só porque vai viajar (dó do frio). E em homenagem a isso tudo fiz o que eu acho, ou achava, o mais brega do Brasil. Coloquei meu celular no modo avião e tirei foto da janelinha! Essa que está aí! E na boa, é bonito e ponto! Sem contar que não é todo mundo que voa num avião de hélice assim, né?! rs rs.

E é isso aí, todo mundo junto no avião... A trabalho, a passeio, indo a um médico, visitar a família.... Todo mundo indo e vindo.... E Caetité com seus baianos queridos me acolheu muito bem, obrigada!

2 comentários:

  1. Adorei Gabiroba!
    Ter estes preconceitos é horrível, mas todo mundo, numa coisa ou em outra acaba tendo. Eu tb reclamo da farofa.
    Q bobeira, né?
    Adorei especialmente o trecho "eram de "outra classe social". E daí?! E que classe social éramos nós naquela época? Não tenho ideia."
    F...-se isso de classe social, né? Somos todos humanos e ponto!
    Assim.... como me identifiquei um pouco penso q apesar de o preconceito aparecer de vez em quando, se conseguirmos ter a consciência disso e ver quão ridículo tudo isso é, temos chances de passar menos tempo no umbral!
    Pronto, depois desse comentário umbral não vou assinar, espero(MESMO) q vc saiba quem é!

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  2. é.. a gente as vezes acaba pecando.. pelo menos em pensamento...!! e no final, tudo é uma grande bobagem, pois afinal, p alguns eu tbem posso ser pobre, brega, feia, mal vestida, estar fazendo ou levando farofa... rs

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