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domingo, 12 de maio de 2013

A inconsistência dos sentimentos...

Minha cabeça não para... Minhas superstições também não me deixam muito em paz... Elas que me fazem ter medo de cravar no papel, na internet, ou em qualquer lugar o que eu to sentindo... Como se tudo fosse ficar congelado, parado, estagnado nesse que vem sendo o período mais difícil da minha vida.

Sim... É o mais difícil. Sim eu perdi meu pai quando era mais nova. Não, eu não sou necessariamente forte por causa disso. Não, não é que não sofri naquela época....

Hoje eu sou mais madura, por que não?! Esse tempo a mais.... Essa vida a mais... Esse apego a mais. Aquela perda sempre me deixou meio traumatizada.... Sempre me fez ter medo de me envolver. Sempre me deixou com um pé atrás, e olha que precisou de terapia de auto conhecimento, de muitas coisas pra que esse coração aqui de dentro deixasse alguém entrar... Mas e quem já tava dentro? Ah, esses foram aumentando o seu espaço e o seu valor dentro de mim, e eu que sou dessas que não sofre com a perda vem sofrendo com o meio termo....

Na minha cabeça ninguém morre antes da hora. Pra mim todo mundo vive o que tem que viver, digo isso pras coisas grandes e importantes da vida.... Pra mim nunca teve essa de meio termo. Era como se a vida fosse binária. Quente ou frio. Claro ou escuro. Vivo ou morto. Mas eis que vem a vida e me mostra que alguém de 79 anos de idade pode passar por uma cirurgia do coração, não morrer na mesa e não voltar pra casa 70 dias depois.

Setenta dias de angustia. Posso dizer que os sentimentos flutuam da alegria de um sorriso, ao medo gigante da perda. A sensação de pesar é enorme e o fato de ter certeza de que sou tão pequena diante disso tudo me faz mal eu acho.... Querer entender... Pra que, né?! Mas não tem como a cabeça não ficar pensando nisso. Minha vida espírita me ensinou a acreditar que escolhemos o que passamos aqui na terra pra que um dia tenhamos uma evolução em outros planos. Pois é... Pois é.... Não consigo muito acreditar ou entender o fato do meu avô ter acordado/contratado/escolhido tudo isso.... Porque não é que a vida dele foi um passeio, definitivamente não. Não vem ao caso listar os perrengues, mas eles foram muitos. E de repente aos 79 anos, na esperança de ter mais qualidade de vida você fica entre a vida e a morte, e "afastando" a morte a sua vida fica presa? Aí eu penso, bom beleza, vai ver que eu e o resto da família acordamos sentir isso tudo... Viver essa angústia. Viver essa doação que nos consome. Essa emoção a flor da pele todos os dias, sem hora pra acabar, sem previsão de absolutamente nada....

Em casa eu quero estar no hospital. Quando eu saio do hospital não tenho certeza se me fez bem ir pra lá.... Me pego tristonha, mentira, me pego muito triste. Me pego pra baixo.... Me lembro dele me dando beijinho, apertando a minha mão ou querendo me abraçar. Me lembro das enfermeiras entrando pra trocar sua fralda, ou aspirando o seu pulmão... Olho pro calendário e vejo a sua foto brindando um vinho comigo.... Me questiono se isso vai acontecer de novo. Já tenho dúvidas se devo pensar nisso ou não... Se devo querer isso ou não....

Quando estou com ele eu fico em paz - se ele não estiver sofrendo nitidamente. Prefiro estar perto a estar longe.... Mas quando estou longe - dentro do elevador pra ir embora já é longe o suficiente - já começo a me sentir pra baixo....

Hoje é dia das mães... Lá estava a minha avó com ele. Esposinha dedicada... Encontro das mães e filhos no hospital... Duro, né?! É, foda! Meu avô que sempre me ensinou tantas coisas, entre elas a valorizar a família... Sempre disse que quem dava o presente era a vovó, nunca ele.... Ele que sempre colocou a luz no outro... Agora a luz tá lá nele. As atenções são pra ele como se fosse todo dia dia dos pais.

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